A Fintech pretende conectar as duas pontas do financiamento agrícola por meio de agro bankers, assessores de investimento focados no agronegócio. A proposta parece maluca, mas foi o caminho escolhido pela Creditares, agfintech com sede em Santa Catarina e atuação no Centro-Oeste. Criada em 2020, mas lançada oficialmente no ano passado pelo economista Daniel Latorraca e o empreendedor José Corral, a startup desenvolveu uma plataforma digital que tem como objetivo fazer o match entre produtores em busca de crédito e instituições dispostas a fornecê-lo. Para que esse encontro termine em casamento, com a concessão do crédito, um cupido entra em campo.
Segundo Latorraca, desde o ano passado, a empresa já atuou na aprovação de mais de R$ 200 milhões em operações de crédito para produtores rurais. “Focamos o projeto em uma dor que aflige as duas pontas do crédito agrícola”, afirma Latorraca, indicando o que considera o principal diferencial da Creditares em um mercado cada vez mais concorrido. A edição 2022 do radar AgTech, principal levantamento dos ecossistemas de startups voltadas ao agronegócio, identificou 61 agfintechs, como são conhecidas as empresas de tecnologia com foco em soluções financeiras para o setor.
Segundo Latorraca, com a redução da dependência dos recursos oficiais e a chegada de novos players ao ambiente financeiro do agro, o mercado financeiro oferece hoje mais modalidades de financiamento para o produtor. Com o cadastro no Agro Open Banking feito, o produtor passa a ter acesso a simulações de crédito ou acesso a CRAs e Fiagros de diversas instituições financeiras, também disponibilizadas no mesmo ambiente. “Tivemos a evolução no sistema financeiro, mas o produtor continuava atuando em CPFs”, diz ele.“Isso não gera a visibilidade que um banco ou um fundo gostariam de ter para enxergar o perfil de risco deste produtor.
Se o produtor decidir continuar na empreitada para tomar o recurso, pode contar com assessoria fornecida pela Creditares. Esse crédito, por sua vez, vem por meio de diversas instituições financeiras como Itaú, BTG Pactual, Banco Safra e até iniciativas “menos tradicionais” como o AL5 Bank e a Galápagos Capital. Latorraca explica que esse profissional é o equivalente do assessor de investimentos popularizado pela XP, mas focado especificamente no agronegócio.
Ele pode ser um consultor agronômico, que já possui uma carteira agro e já atende o produtor, bem como um consultor financeiro mais tradicional, que faz a gestão de produtores, ou até mesmo instituições. Atualmente a empresa conta com cerca de 20 agro bankers que atuam em 10 estados brasileiros. Latorraca diz que espera encerrar o ano com 100 desses representantes. Na plataforma, o agro banker consegue ter uma visualização do perfil de quem está interessado em tomar crédito. No segundo momento, segundo Latorraca, esse profissional também acaba trazendo produtores para a plataforma.