Foi lançado, no último dia 20, pela Embrapa, um chamamento público para seleção de startups parceiras do AgNest. Trata-se de uma iniciativa para promoção da inovação aberta e do empreendedorismo com foco na geração de soluções digitais e sustentáveis para a agricultura.
O ambiente, Localizado em Jaguariúna (SP), vai funcionar como um laboratório vivo para o desenvolvimento de soluções digitais e sustentáveis para a agricultura. O empreendimento vai oferecer infraestrutura para startups do agronegócio (agtechs e foodtechs) atuarem na criação, experimentação, validação e demonstração de novas soluções, possibilitando a conexão com instituições de ciência, tecnologia e inovação, corporações e investidores.
O chamamento público ficará aberto por 60 dias e é direcionado a empresas de tecnologia da informação e comunicação (TIC) e representantes da indústria agropecuária. As empresas selecionadas vão participar da estruturação e implementação do AgNest e integrarão o conselho gestor como parceiros fundadores. O edital ficará disponível no site do AgNest.
O evento de lançamento foi transmitido no YouTube e contou com a participação do presidente da Embrapa, Celso Moretti, da diretora-executiva de Inovação e Tecnologia da Empresa, Adriana Regina Martin, do secretário-adjunto de Inovação, Desenvolvimento Sustentável e Irrigação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Cléber Soares, e da coordenadora Geral de Transformação Digital do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), Eliana Emediato.
“Não tenho dúvida que estamos dando mais um passo acertado na direção de criar um ambiente onde o setor produtivo, a inovação terão um espaço, uma arena enorme para evoluir”, ressaltou o presidente da Embrapa. Moretti ainda afirmou que o laboratório vivo será uma grande oportunidade para a geração de soluções para os problemas do agronegócio brasileiro, em sintonia com o setor produtivo. Segundo ele, tecnologias como inteligência artificial, internet das coisas, drones e sensores vem ocupando cada vez mais espaço no dia a dia do produtor rural.
A iniciativa é liderada pela Embrapa Meio Ambiente e Embrapa Agricultura Digital, com o apoio da Secretaria de Inovação e Negócios da Embrapa e tem como objetivo promover a inovação aberta e o empreendedorismo. O projeto recebeu financiamento do MCTI, que aportou recursos para o aprimoramento da infraestrutura local para instalação de ferramentas de conectividade, sensores, máquinas e equipamentos. A ideia é oferecer um ambiente com condições de apoiar as startups, seja nas fases de ideação até a atuação comercial.
De acordo com Eliana Emediato, o AgNest está totalmente aderente aos objetivos da Câmara do Agro 4.0, criada pelo MCTI e Mapa para promover o desenvolvimento e difusão de soluções em agricultura digital e contribuir para aumentar a competitividade, a produtividade e a relevância do Brasil no comércio mundial. “A Câmara faz parte da estratégia brasileira de transformação digital, em que o agro é um dos setores mais importantes. Fazer parte deste projeto inovador e acompanhar esse trabalho mostra que estamos indo em todos os pontos e setores que pensamos na estratégia”, afirmou.
A seleção
Neste primeiro chamamento, o perfil esperado é de empresas de grande porte. Marcelo Morandi, chefe-geral da Embrapa Meio Ambiente, explicou que serão selecionadas uma empresa do setor de tecnologia da informação e comunicação e três da indústria, das áreas de insumos, biotecnologia, máquinas e implementos, alimentos, agricultura de precisão e serviços agropecuários. As empresas vão contribuir com uma taxa anual para manutenção do empreendimento. Entre outros benefícios, além de promover eventos, como demonstrações e dias de campo, poderão trazer startups associadas para serem incubadas no AgNest.
“Esperamos ter um conjunto grande de startups, de diferentes empresas parceiras fundadoras, trabalhando em cooperação dentro deste novo mecanismo de inovação aberta”, completou Morandi. A expectativa é impulsionar a geração de soluções baseadas, por exemplo, em internet das coisas, big data, inteligência artificial e automação, que busquem o aumento de eficiência e de produtividade dos sistemas de produção agropecuária, com sustentabilidade.
Para Cléber Soares, secretário-adjunto do Mapa, a iniciativa do AgNest, no modelo de farm lab, é essencial para promover de fato a inovação aberta. “Precisamos trazer os atores do setor produtivo, a iniciativa privada, a academia, as instituições de C&T e as startups para colocar a mão na massa e de fato promover inovação concreta no campo”, ressaltou. Ainda segundo ele, é importante e estratégica a promoção da chamada pública. “Só assim conseguiremos passar pelo grande desafio que é gerar valor para a sociedade em cima de temas importantes, como a agricultura digital e a sustentabilidade”.
Corredor de inovação
O empreendimento vai ocupar um campo experimental situado na Embrapa Meio Ambiente, com aproximadamente 60 hectares, metade deles destinados a atividades agrícolas. Utilizada tradicionalmente para a pesquisa, a área tem histórico de implantação de culturas perenes, semi-perenes, é apta para cultivos anuais de verão, como grãos e fibras, e também comporta a implantação de sistemas de irrigação, o que permite o cultivo de culturas de inverno, como trigo, cevada e aveia. A área também vai dispor de diferentes tecnologias de conectividade, permitindo uma variedade de soluções para agricultura digital sendo desenvolvidas no mesmo ambiente.
Outra característica de destaque do AgNest é a sua localização, a 10 minutos de Campinas (SP), considerado um importante polo de ciência, tecnologia e inovação, com a presença de universidades e institutos de pesquisa, e uma concentração considerável de empresas privadas, aceleradoras, incubadoras e investidores. Além disso, está a apenas 1h30 de São Paulo, cidade com maior número de agtechs do Brasil.
“Nos últimos anos, temos monitorado todo este ecossistema de inovação e discutido, em parceria com o Ministério da Agricultura, o grande corredor tecnológico do estado de São Paulo, que abrange o eixo formado pelos municípios de Campinas, Jaguariúna, Piracicaba, São Carlos e Ribeirão Preto”, destacou Silvia Massruhá, chefe-geral da Embrapa Agricultura Digital.
Segundo ela, o AgNest se insere no contexto do corredor de inovação, que visa promover o desenvolvimento regional. “A iniciativa tem a oportunidade de integrar os agentes deste ecossistema para trabalharem de forma mais sinérgica, mais assertiva, para desenvolver a agricultura sustentável utilizando as tecnologias digitais, que são determinantes para ajudar a trazer mais transparência para o processo de produção”, concluiu.
(Com informações da Agência Embrapa)