A produção de alimentos no futuro passará por processos de ruptura

O estilo de vida muda rapidamente, está mais acelerado, influenciando no hábito alimentar da população que busca formas rápidas, práticas, nutritivas e saudáveis que, associadas ao crescimento da população, a urbanização crescente e ao envelhecimento, influenciarão de forma marcante o consumo.

A demanda por proteína animal crescerá 70% até 2030 e 200% até 2050, com a população mundial atingindo 9,6 bilhões de pessoas e o Brasil 228 milhões de habitantes (IBGE; FAO). Segundo o World Food Programme, em 2019, cerca de uma em cada nove pessoas no mundo já não tinha o suficiente para se nutrir.

Com isso, são grandes as oportunidades para a indústria, tanto no mercado interno quanto no externo. Neste último, devem-se seguir as megatendências mundiais para 2050, a Agricultura (diversificação, evoluindo de grandes produtoras de commodities para grandes exportadores de produtos com maior valor agregado) e Mudanças nas Fronteiras dos Mercados (buscar novos mercados, tendo em vista que algumas regiões do mundo já atingiram seu potencial máximo, enquanto outras não). A Região Ásia-pacífico e os países árabes são exemplos a serem explorados!

Nesse contexto, aliado às mudanças climáticas e à disponibilidade dos recursos naturais – terra e água – a forma tradicional de se produzir alimentos passará por processos de ruptura. Será preciso crescer mais com menos recursos naturais, tendo que romper limites e aumentar a produção por meio de ganhos em produtividade para vencer estes desafios.

Romper as fronteiras das ciências tradicionais com avanços tecnológicos, a transformação do conhecimento em tecnologia será cada vez mais importante para o futuro da pecuária nacional.

A diferença entre produtividade real e potencial de rendimento de determinada planta ou animal pode ser contabilizada por diferentes variáveis, como genética, meio ambiente, práticas de manejo e fatores socioeconômicos. Inúmeras tecnologias de habilitação podem ser implementadas em sistemas de produção vegetal ou animal para alcançar resiliência e sustentabilidade, tendo em vista fazer com que que os rendimentos atinjam seu potencial.

Esses incluem o uso da agricultura de precisão para gerenciar o uso de água e fertilizantes, o uso da ciência de dados para integrar informações a partir de sensores de campo e de plantas, a incorporação de áreas atualmente improdutivas para a agropecuária, sem comprometer o ambiente, assim como parâmetros de previsão meteorológica, entre outros.

Fatores como genética, controle de pragas, insetos e doenças, que são as ferramentas tradicionais de se manejar para ter avanços de produtividade por área, ganham agora um novo aliado.

A irrigação de luz poderá ser o próximo grande salto da produção agrícola. Em um recente estudo, com a suplementação luminosa do cultivo agrícola por meio da instalação de painéis de iluminação artificial de alta eficiência (Light Emitting Diode) em pivôs de irrigação convencional, foram garantidos ganhos acima de 60% na produtividade da soja no Brasil. A tecnologia permite irrigar tanto água quanto luz sobre a lavoura de uma forma controlável.

Paralelo a esses, os avanços em genômica, nanotecnologia e robótica, juntamente com melhorias nas capacidades computacionais, estatísticas e modelagem, permitirão que técnicos e produtores tenham acesso a dados e informações privilegiadas que permitem tomarem decisões mais precisas e em tempo real.

Assim, a ciência caminha para o emprego das tecnologias convergentes onde Ciência e Engenharia de Sistemas Complexos andarão juntas. Uma abordagem para a resolução de problemas que corta fronteiras disciplinares e integra conhecimento, ferramentas cognitivas e de ciências exatas e computacionais com disciplinas de engenharia e outras, formando uma abrangente estrutura para enfrentar desafios científicos e sociais que normalmente existem na interface de vários campos do conhecimento.

Resumindo, a forma tradicional de se produzir alimentos no futuro passará pelo emprego da biotecnologia, inteligência territorial, transformação digital, resultando em novas formas de monitoramento, gestão e prestação de serviços. O aprimoramento das raças, novas variedades de forrageiras, mais produtivas e de melhor qualidade, a alimentação balanceada, o manejo mais eficiente poderão fazer com que o Brasil saia na frente.

O Brasil já é o maior produtor mundial de carne, o terceiro de grãos (primeiro em soja em 2020) e caminha para se consolidar como o terceiro produtor de leite de vaca. Possui 215 milhões de bovinos em 172 milhões de hectares de pastagens e 80 milhões de hectares com lavoura.

O setor leiteiro, por exemplo, cresce mais rapidamente do que o de seus principais competidores, apesar de ainda ter espaço para crescer muito mais. Entre os vizinhos do Cone Sul, o Brasil é destaque: dois terços da produção do Cone Sul (55 milhões de toneladas) e quase o dobro da produção leiteira da América Latina & Caribe (78,5 milhões de toneladas) é brasileira. Mas, temos potencial para sermos mais e melhores.

Os países de clima predominantemente tropical, entre eles o Brasil, respondem por aproximadamente 23% da produção mundial de leite. Possuem uma estrutura de produção baseada em pequenas propriedades e grande número de produtores, mas que está mudando rapidamente. Menos produtores, porém mais produtivos.

FONTE: MILK POINT

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