Uma startup brasileira desenvolveu tradutor de vacas que promete traduzir os sentimentos de vacas leiteiras, possibilitando que elas “falem” com exatidão o que precisam. Os irmãos Leonardo Martins e Thiago Guedes fundaram juntos a Cowmed, empresa dedicada à pecuária leiteira, que tem como propósito ajudar os produtores e criadores a tomarem as melhores decisões sobre seu rebanho.
A tecnologia funciona através de um colar, que monitora variáveis comportamentais e de saúde dos animais, como tempo de atividade física, tempo de descanso, ritmo de respiração, batimentos cardíacos e tempo ruminando. Com esses dados, é possível compreender, graças à inteligência artificial, qual é a melhor decisão a ser tomada para melhorar a qualidade de vida das vacas e, consequentemente, aumentar a produção. O colar interpreta essas informações e envia uma série de recomendações que auxiliam o produtor como:
- Identificar com até cinco dias de antecedência quando a vaca pode ficar doente;
- Identificar o tempo de cio com recomendações para melhorar ciclo reprodutivo das vacas;
- Avaliar os hábitos alimentares e preferências das vacas.
- Identificar os melhores horários para alimentar o rebanho;
- Identificar a frequência para alimentação.
Segundo a Cowmed, com essa tecnologia, o produtor consegue aumentar a produção em até 20 vezes.
Martins explica que o trabalho no campo não é uma ciência exata. “Muitas vezes, eles trabalham com suposições sobre o que acreditam ser melhor para seus animais, e isso nem sempre expressa o que eles realmente precisam”, explica.
Como surgiu a ideia de criar um “tradutor de vacas”
O tradutor de vacas nasceu através de um projeto acadêmico que surgiu na Universidade Federal de Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Tudo começou com uma provocação do pai dos dois empresários, que é engenheiro elétrico, acadêmico e pesquisador da área de microeletrônica.
Segundo informações da Exame, enquanto ele fazia viagens internacionais em busca de parcerias público-privadas para desenvolver tecnologias vistas apenas nos campus universitários, ele percebeu a possibilidade de melhoria produtiva a partir da adoção de tecnologia em uma cadeia em específico: a produção leiteira. “Sempre tivemos esse desejo de construir algo capaz de mudar o mundo”, disse Martins. “Quando a ideia surgiu, vimos que essa era a nossa oportunidade de criar impacto”, pontuou.
A empresa, fundada em 2010, levou seis anos para desenvolver a tecnologia. E em 2017 a Cowmed recebeu um aporte para finalizar o roadmap tecnológico e para deixar o projeto do tradutor de vacas disponível aos clientes.
Atualmente a Cowmed atende mais de 400 fazendas e monitora mais de 35 mil vacas em seis países como o Brasil, Paraguai, Uruguai, Bolívia, Canadá e Estados Unidos. E a empresa não para de crescer. Ela dobrou de tamanho nos últimos três anos.
Para atender a demanda, a startup acabou de encerrar uma captação via equity crowdfunding – modalidade de investimentos coletivos que funciona como uma pequena “abertura de capital”. Através dessa ferramenta foi possível levantar R$ 5,9 milhões, configurando o maior aporte já feito em uma startup nesta modalidade de captação no Brasil.
“Os clientes, os fazendeiros, são apaixonados pela tecnologia e pelo propósito, e muitos deles já haviam dito que viraram acionistas se abríssemos capital. Isso nos incentivou”, revelou ele que ainda disse: “Pela fidelização, somos quase uma Apple das vacas”.
A empresa agora pretende expandir geograficamente seus negócios. Eles pretendem chegar a 100.000 vacas monitoradas nos próximos dois anos. A startup também quer chegar em países onde ainda não atua. “Nosso objetivo é consolidar a Cowmed como a grande empresa de monitoramento de bovinos no mercado brasileiro”, finalizou.
(Com informações da Revista Exame)