O Brasil é uma das principais potências do agronegócio mundial. Além disso, seu solo também é fértil para a inovação! De acordo com um mapeamento desenvolvido pelo Radar Agtech, o país possui mais de 1570 startups focadas no agronegócio. E uma delas vem ganhando destaque no mundo. A Solinftec, fundada em Araçatuba, São Paulo, está prestes a se tornar o primeiro “unicórnio” brasileiro.
São chamadas de unicórnio as startups avaliadas em mais de US$ 1 bilhão. O Brasil, até então, não tem nenhuma empresa que chegou a esse patamar, mas isso pode mudar em breve. Em 14 anos a Solinftec se tornou uma das maiores empresas de agricultura digital e automação de lavouras do País.
Ao site Agtech Garage News, o CEO da empresa, Britaldo Hernandez, disse que antes de ser unicórnio, eles são uma empresa “cucaracha – barata, em português. Segundo ele, isso acontece porque no início o trabalho era muito intenso e os recursos escassos.
Hernandez é cubano, tem 55 anos e chegou ao Brasil em 1998, com o objetivo de fazer intercâmbio. Na época, ele trabalhava em um centro de pesquisa em Cuba, com o desenvolvimento de automação de indústrias de cana-de-açúcar.
O CEO então conheceu a Cosan, atual Raízen, e Clealco, peças-chave na criação da Solinftec. Durate a visita ele descobriu que naquela época já existia muita gente desenvolvendo soluções tecnológicas para indústrias. Porém, havia ainda espaço para criar algo na agricultura. Foi então que ele pensou em como monitorar as máquinas no campo, fazendo uso de um conceito já conhecido na telefonia e na indústria aeroespacial, mas ainda desconhecido para a agricultura, a telemetria.
Solinftec hoje
Com 14 anos de história Solinftec se tornou uma das maiores empresas de agricultura digital e automação de lavouras do País. Hoje ela monitora mais de 9 milhões de hectares no mundo. Só no Brasil é responsável por 6,5 milhões de hectares de cana, cerca de 80% de toda a produção nacional.
O desejo agora é conquistar o mundo. E, para começar, o foco está nos Estados Unidos. Ao site NeoFeed, Anselmo Del Toro Arce, sócio-fundador da Solinftec e diretor de relações institucionais, revelou que “ao contrário do agro brasileiro, o americano ainda é muito carente de tecnologia.
A mudança para os Estados Unidos aconteceu em 2020 e deve acelerar a globalização da Solinftec. Atualmente, a startup está presente em 10 países. Além do mercado americano e brasileiro, a companhia atua também na Colômbia, Canadá, Peru, Paraguai, Argentina, México, Nicarágua e Guatemala. Nos próximos anos, a expansão deve seguir rumo à Europa e à Ásia, tendo como meta atuar em até 20 diferentes mercados.
Receitas
Mesmo em 2020, ano cheio de desafios para os negócios, o faturamento da Solinftec cresceu 51%. Segundo informações divulgadas por mídias especializadas, os contratos recorrentes da startup já superaram os R$ 100 milhões. E apesar do Brasil ainda ser o maior mercado, a expectativa é que essa posição seja ocupada pelos Estados Unidos em até três anos.
A empresa gera receita por meio da cobrança de uma mensalidade, já que os equipamentos não são vendidos, mas apenas locados. Os valores exatos não são divulgados, mas o preço é calculado por hectare e leva em conta o pacote de soluções utilizadas.
Internacionalização
Apenas no ano passado a Solinftec levantou cerca de US$ 60 milhões. O primeiro cheque foi no valor de US$ 40 milhões, e foi de aporte liderado pela UnBox Capital, gestora que administra US$ 100 milhões para a família Trajano, controladores da rede de varejo Magazine Luiza. A outra parte dos recursos foi captada através da emissão de US$ 20 milhões em Certificados de Recebíveis Agrícolas (CRAs).
Ainda em 2017, a empresa conquistou o interesse da TPG ART (Alternative & Renewable Technologies), braço do fundo americano TPG, que tem US$ 45 bilhões sob gestão e fez investimentos em companhias como Uber, Airbnb, Spotify e outros. O tamanho do aporte não foi divulgado, mas ele foi fundamental para levantar a Solinftec.
Mas, ao que tudo indica, a Solinftec vai precisar de mais recursos. Arce afirma que a empresa vai buscar novas rodadas de investimento para apoiar o crescimento e a expansão geográfica. Uma abertura de capital, no longo prazo, não está descartada pelo empreendedor. “Não é uma meta em si, mas será uma consideração de opções de acesso a capital no futuro”, afirma Arce.
(Com informações de Agtech Garage News e NeoFeed)