Complexas cidades de 2.500 anos são descobertas na Amazônia

Pesquisadores do CNRS, a agência nacional de pesquisa da França, descobriram cidades de 2.500 anos dentro da Floresta Amazônica. O estudo, publicado na última quinta-feira(11) na Revista Science, mostrou que já existia uma sociedade grande e complexa na região muito antes da chegada dos europeus.

A densa rede de cidades interligadas está escondida sob a floresta no Vale Upano, no Equador Amazônico, e foi revelada por uma tecnologia chamada de Lidar, que faz mapeamento a laser. Os arqueólogos revelaram que os registros são pelo menos 1.000 anos mais antigos do que qualquer outra sociedade amazônica complexa já conhecida.

A equipe do arqueólogo Stéphen Rostain, do CNRS, começou a escavar no Vale Upano há aproximadamente 30 anos. Graças à tecnologia de laser, os estudiosos tiveram acesso a características topográficas, que seriam impossíveis de serem visualizadas sob as árvores. Rostain e os demais pesquisadores descobriram assentamentos repleto de estruturas residenciais e cerimoniais, que são intercaladas com campos agrícolas retangulares e cercadas por terraços nas encostas, onde as pessoas plantavam milho, mandioca e batata-doce, descobertas feitas em escavações anteriores.

Foram descobertas impressionantes estradas largas e retas, que ligavam umas cidades às outras. Também haviam ruas entre as casas e bairros. “Estamos falando de urbanismo”, diz o coautor Fernando Mejía, arqueólogo da Pontifícia Universidade Católica do Equador.

Um grande complexo de plataformas de terra em Nijiamanch, um dos assentamentos urbanos do Vale Upano. Foto: STÉPHEN ROSTAIN/Science

Segundo Mejía, o que foi descoberto até agora “é apenas a ponta do iceberg” do que pode ser encontrado na Amazônia equatoriana. Conforme sugere artigo, a rede de estradas que ligam os sítios de Upano dá a entender que todos existiram ao mesmo tempo. Eles são um milênio mais antigos que outras sociedades amazônicas complexas, incluindo Llanos de Mojos , um antigo sistema urbano recentemente descoberto na Bolívia. As cidades do Vale Upano eram mais densas e interconectadas do que as localidades de Llanos de Mojos, diz Rostain. “Dizemos ‘Amazônia’, mas deveríamos dizer ‘Amazônias’”, disse ele.

Apesar das incríveis descobertas, ainda não se sabe muitos sobre os detalhes de cada cultura. Os arqueólogos afirmam que as pessoas tanto no Vale Upano quanto em Llanos de Mojos eram agricultores que construíram estradas, canais e grandes edifícios cívicos ou cerimoniais. “Estamos apenas começando a compreender como funcionavam estas cidades, incluindo quantas pessoas viviam nelas, com quem faziam comércio e como eram governadas”, contou Jaimes Betancourt, que estuda Llanos de Mojos.

(Fonte: Revista Science)

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