Pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) desenvolveram uma tecnologia inédita que remove da água resíduos de glifosato – um herbicida amplamente utilizado no mundo. A técnica utiliza o bagaço da cana-de-açúcar como matéria-prima e foi idealizada de acordo com os conceitos da economia circular.
O glifosato é utilizado em diversas culturas agrícolas para controlar ervas daninhas. Porém, estudos indicam que seu uso pode acarretar risto à saúde humana, sobretudo aumento no risco de câncer. De acordo com a Agência FAPESP, no Brasil, porém, são usadas 173.150,75 toneladas do herbicida ao ano. Com as chuvas, parte desse montante pode chegar a rios, riachos, poços e outros ambientes aquáticos.
Os responsáveis pela pesquisa afirmam que as fibras de celulose do bagaço da cana-de-açúcar podem reter em sua superfície as moléculas do glifosato. Assim, é possível remover, por filtração, decantação ou centrifugação, o contaminante da água.
“Isoladas e funcionalizadas quimicamente, as fibras de celulose do bagaço podem ser empregadas como material adsorvente [superfície sólida insolúvel, geralmente porosa, à qual moléculas dispersas em um meio líquido ou gasoso podem aderir], retendo em sua superfície as moléculas do glifosato. Dessa forma, é possível remover, por filtração, decantação ou centrifugação, o contaminante da água”, conta à Agência FAPESP Maria Vitória Guimarães Leal, primeira autora do artigo publicado na revista Pure and Applied Chemistry.
O projeto foi desenvolvido por pesquisadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT) da Unesp, em Presidente Prudente, e foi coordenado pelo pós-doutorando Guilherme Dognani e pelo professor da FCT-Unesp Aldo Eloizo Job.
O aestudo completo pode ser acessado em: www.degruyter.com/document/doi/10.1515/pac-2022-1205/html.