De três em três anos uma faixa de água do Oceano Pacífico, na linha do Equador, sofre um aquecimento anormal. Esse acontecimento recebe o nome de El Niño. Um estudo feito por Cristopher Callahan e Justing Mankin, da Universidade de Dartmouth, e publicado na revista “Science”, mostrou que o fenômeno, previsto para acontecer em junho, pode causar a maior perda econômica da história. Para o agro as consequências são enormes.
De acordo com informações do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) durante o El Niño, as águas ficam 0,5°C acima da média por, no mínimo, seis meses. Há também o aumento o risco de seca no Norte e Nordeste do Brasil e de grandes volumes de chuvas no Sul. “Vale lembrar que ele não tem um período de duração definido, podendo persistir até dois anos ou mais”, afirma o órgão federal.
Segundo uma publicação da CNN Brasil, os pesquisadores examinaram os custos gerados pelo El Niño a longo prazo, desde o primeiro registro. O custo médio foi de cerca de US$ 3,4 trilhões. Porém, para o evento em 2023, o rombo na economia global, até 2029, deverá ser de US$ 3 trilhões.
Qual o impacto do El Niño para a agricultura?
Após três anos consecutivos de seca no Sul, em decorrência do fenômeno La Niña, o El Nino traz um cenário inverso. A expectativa, conforme matéria publicada no Globo Rural, é de chuvas benéficas para as regiões que cultivam soja e milho, com destaque para o Centro-Oeste e o Sul do país. Contudo, uma incidência extrema dessa ocorrência, após períodos longos de seca, pode acabar causando prejuízo.
Em relação ao trigo, o El Niño pode ter impactos significativos e diversos nas lavouras dos principais países produtores e exportadores do mundo. Isso é o que prevê o relatório “El Niño e seus efeitos no mercado de commodities” da hEDGEpoint Global Markets.
O estudo aponta que os produtores do Hemisfério Norte, com safras de primavera, e os do Hemisfério Sul, serão os mais afetados. O Canadá, com sua produção de primavera, será o mais afetado do Hemisfério Norte, enquanto na Rússia, boas perspectivas para a safra de inverno e altos estoques de passagem podem reduzir a influência do El Niño sobre a oferta total.
Já na Argentina e EUA os efeitos podem ser benéficos. “Embora o trigo de primavera represente apenas 32% da produção de trigo dos EUA, a produtividade mais alta causada pelo El Niño pode compensar parcialmente as más condições observadas nos principais estados produtores de trigo de inverno, como o Kansas”, destaca Alef Dias, analista de Grãos e Macroeconomia da hEDGEpoint Global Markets.