Conhecido como ingrediente abundante, principalmente na gastronomia mediterrânea, o azeite de oliva pode ter sua produção afetada para sempre devido às secas que assolam as safras espanholas.
A Espanha tem passado por um crítico período de seca nos últimos meses. Além de ameaçar toda a sua agricultura, a falta de chuva também tem se tornado um verdadeiro pesadelo para os olivicultores de Jaén, capital da província de mesmo nome, no sul do país.
Com muito calor e pouca chuva, os olivais podem sofrer com grandes quebras em suas safras pelo segundo ano consecutivo. Para os cerca de 630 mil habitantes de Jaén, a mais importante área olivícola do mundo, o déficit na safra representa um rombo econômico.
Para o resto do mundo, inclusive boa parte da Europa que importa o azeite produzido em Jaén, a seca é sinônimo de preços ainda mais altos e nada competitivos.
À espera de um milagre dos céus
“Sem água, não tem azeitona. E sem azeitona, a província sofre. Senhor, mandai-nos chuva”, essas foram as palavras ditas por Sebastián Chico, bispo da cidade, em uma procissão em tom de súplica por água do céu.
Os meteorologistas, no entanto, não trazem boas notícias. A escassez de água na Espanha ainda deve continuar por muito tempo. De acordo com a agência meteorológica estatal Aemet, não há previsão de chuvas fortes até o outono europeu, que começa em setembro.
E o cenário é ainda mais desanimador. Segundo alerta dos pesquisadores do clima, a Espanha deve se preparar para temperaturas mais altas e ainda menos precipitações.
Cenário preocupante
Com apenas 25% dos reservatórios cheios, apenas a população e os turistas de Jaén estão abastecidos com água potável. Ao contrário dos agricultores que, embora precisem de água para salvar seus campos de oliveiras, recebem apenas um quarto da quantidade normal.
A escassez, de acordo com Juan Luis Ávila, olivicultor de Jaén, pode comprometer para sempre a produção de azeite de oliva na Espanha. “Este ano, não só a colheita está em perigo, mas o futuro das plantações de oliveiras como um todo.”
Falta de chuva eleva preços de alimentos, inclusive do azeite de oliva
A dieta mediterrânea, conhecida por ser abundante em azeite de oliva, terá que se adaptar ao novo cenário gerado pela seca espanhola.
De acordo com uma pesquisa da UE, o azeite na Europa custa hoje, em média, 50% a mais do que doze meses atrás. Resultado direto da seca nas plantações de azeitona que comprometeu a última temporada, cenário que parece se repetir na safra de agora.
Crise climática e alimentar
Não é apenas na Espanha que a seca do século vem causando danos gigantescos às colheitas. Para os olivicultores em Portugal ou na Itália, a situação não parece estar muito melhor, o que adiciona ainda mais pressão sobre os preços do azeite no mercado europeu e no mundo.
Segundo o El País, o maior jornal da Espanha, “ o choque do custo do azeite é uma evidência de que a seca está causando o aumento dos preços dos alimentos. Em doze meses, o país chegou a registrar a alta de 16,5% nos preços dos alimentos.
Na tentativa de contornar o problema, alguns produtores de azeite têm misturado o precioso azeite de oliva com óleo de girassol (muito mais barato e abundante). A mistura, obviamente, empobrece o tão nobre azeite de oliva, mas também o torna mais barato e disponível.
E você, leitor, também já sentiu o impacto no preço do azeite de oliva? Conte-nos abaixo nos comentários!