O agronegócio é um setor extremamente importante para a economia. Mas, ao mesmo tempo em que ele traz grandes oportunidades, como investimentos, aumento na produção e exportação, ele também é repleto de riscos, como as questões ambientais, geopolíticas e regulatórias. Para entender melhor esses pontos, a EY – líder global em serviços de auditoria – desenvolveu a pesquisa “TOP 10 de riscos e oportunidades para o Agronegócio no Cone Sul”.
Segundo o estudo, o crescimento populacional no mundo vai agir como motor, aumentando, e muito, a demanda por alimentos. “Nesse cenário, é esperado que o Agronegócio de Argentina, Brasil e Chile continue se destacando cada vez mais. As empresas do ecossistema de Agro, por sua vez, além do cenário de crescimento na demanda, enfrentam já no curto prazo, revoluções em diversos campos e que, se por um lado representam grandes desafios a esses players, por outro também são oportunidades de crescimento”, garante a pesquisa.
Mudanças climáticas
De acordo com o estudo, realizado com executivos de empresas da Argentina, Brasil e Chile, as mudanças climáticas aparecem como principal risco para a agricultura, impactando diretamente a produção.
A pesquisa mostra que 47% dos investidores reconsiderariam o investimento com base nos riscos climáticos. Isso porque, as variações de temperaturas, geadas e chuvas em alto volume acarretam problemas, já que todos esses fatores atingem a produtividade. Assim, deixam de acontecer investimentos que poderiam ser feitos por empresas, bancos e demais entidades, como a concessão de crédito rural, por exemplo.
“Esse indicativo reforça a importância de as empresas precisarem estar informadas e preparadas nos seus modelos de análise tanto sobre como o clima quanto sobre como a inevitável mudança climática impactará diretamente os riscos financeiros e operacionais de forma cada vez mais relevante. O agronegócio é uma ‘indústria a céu aberto’ e, por causa disso, ter gestão ativa dos riscos climáticos é atividade crítica do core business do setor”, Disse Alexandre Rangel, sócio-líder de consultoria para o setor de agronegócios da EY para América Latina Sul ao Canal Rural.
Infraestrutura
Os gargalos na infraestrutura, que tem o sistema rodoviário como principal modal de transporte, aparecem em segundo lugar na pesquisa. Segundo a Confederação Nacional do Transporte, 62% das rodovias do país são inadequadas, apenas 30 mil quilômetros de ferrovias e um terço dos rios que têm capacidade para transporte hidroviário em grande escala são utilizados.
“A dimensão continental do território brasileiro e a longa distância entre os principais polos agropecuários e os portos contribuem para o agravamento da situação no país”, diz a pesquisa.
Esses fatores acabam elevando o custo de produção, prejudicando a competitividade acarretando, ainda, perdas significativas durante o transporte. Isso prejudica a competitividade dos produtos e eleva o custo de produção.
Falando em perdas, estima-se que as perdas logísticas da soja e do milho, por exemplo, equivalem a 2,44% da produção, o que corresponde a R$ 4,5 bilhões.
Agricultura de baixo carbono
A agricultura de baixo carbono (ABC) aprece em terceiro lugar na pesquisa e é vista como uma oportunidade. A prática deve ser tornar cada vez mais urgente no Brasil para que o país mitigue os gases de efeito estufa.
Para que isso ocorra, técnicas como o plantio direto, a recuperação de pastagens degradadas e a integração lavoura-pecuária-florestas são opções que, inclusive, possuem linhas de crédito específicas.
“O setor tem que ser sustentável, mas não pode ter prejuízo por isso. Para ser mais eficiente é preciso contar com fontes de financiamento de práticas sustentáveis, lembrando que os bancos têm suas próprias metas de descarbonização. Isso tem que ser tratado como oportunidade e não como punição ao produtor”, finaliza Rangel.
Para ter acesse ao estudo completo, clique aqui.
(Com informações do Canal Rural)
