Agave, a planta da tequila, promete promover biorevolução no Sertão brasileiro

O agave — planta da família das suculentas e principal matéria prima para a produção da tequila — promete transformar o nordeste brasileiro. Isso porque recentemente a Shell Brasil formalizou uma parceria com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) para o desenvolvimento da espécie como uma nova fonte de biomassa produtiva. Com investimento de R$ 30 milhões, o programa, intitulado BRAVE (Brazilian Agave Development), é financiado pela empresa, utilizando recursos oriundos da cláusula de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

De acordo com a petrolífera, a biomassa oriunda do agave será eficiente e competitiva, capaz de capturar e armazenar grandes quantidades de carbono. Com o projeto é esperado que sejam desenvolvidas tecnologias para servir como base para uma nova cadeia industrial no Brasil e também uma nova matriz energética.

O programa BRAVE contempla soluções biológicas para a melhoria da produtividade, adaptabilidade e resistência do Agave no Sertão brasileiro. Espera-se que com este projeto sejam criados, pela primeira vez no mundo, equipamentos para plantio e colheita deste cultivar.

A partir dessa parceria, serão criadas plantas-piloto de processamento e refino da biomassa a serem instaladas na Bahia, convertendo o Agave em biocombustíveis e diversos outros produtos renováveis, como etanol de primeira e segunda gerações e biogás.

“Queremos ajudar a criar tecnologia para um novo conceito de produção de bioenergia no país, que pode viabilizar o surgimento de uma nova cadeia industrial colocando o Sertão Brasileiro como potencial polo produtor de biocombustíveis para o mundo, ao mesmo tempo em que ajudamos a desenvolver uma das áreas de maior vulnerabilidade socioeconômica do Brasil”, comenta Alexandre Breda, gerente de Tecnologia de Baixo Carbono da Shell Brasil.

Porque apostar no agave?

A escolha do agave foi estratégica. Segundo especialistas, com 3,3 milhões de hectares da planta da tequila é possível produzir 30 bilhões de litros de etanol. Para a obtenção do mesmo resultado a partir da cana-de-açúcar, por exemplo, seriam necessários 4,5 mihões de hectares cultivados.

Os executivos da Shell no país planejam cultivar 2 milhões de hectares no semiárido, o suficiente para produzir de 6 bilhões a 10 bilhões de litros de etanol de agave por ano. “Ela pode ser plantada onde a cana não sobreviveria. E em áreas em que não traz impacto ambiental, porque são áreas que já tiveram algum tipo de agricultura, e que, hoje, devido a problemas hídricos, são subutilizadas, sem mata nativa, sem plantação alguma. O grande potencial estratégico é trazer uma matriz industrial para uma região que hoje não tem nada parecido”, diz o coordenador do projeto Brave na Shell, Marcelo Medeiros.

O programa, que tem duração prevista de 5 anos, está alinhado à estratégia global da Shell, que tem como pilares centrais alcançar emissões líquidas zero até 2050, respeitar a natureza, impulsionar vidas e gerar valor para os acionistas.

“O BRAVE é uma biorevolução para o sertão: desenvolvimento de uma cadeia de valor baseada em plantas de altíssima produtividade em zona de semiárido, que se tornará ainda mais comum com as mudanças climáticas”, observa Gonçalo Pereira, coordenador do Laboratório de Genômica e Bioenergia da Unicamp.

A iniciativa faz parte do portfólio de projetos de Tecnologias de Baixo Carbono da Shell Brasil, sob a gerência de Alexandre Breda, e que tem Marcelo Medeiros na coordenação das atividades. O Prof. Dr. Gonçalo Pereira é o coordenador técnico do BRAVE, com a participação de outros nove pesquisadores e mais de 50 alunos bolsistas e técnicos da Unicamp, além de parceiros de outras instituições acadêmicas.

(Com informações da assessoria de imprensa)

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