Guerra na Ucrânia impacta o agro brasileiro e traz inúmeras incertezas

O agronegócio brasileiro enfrenta mais um desafio, dessa vez por conta da guerra na Ucrânia. Além do catastrófico desastre humanitário, a economia global também fica instável. Assim que a Rússia invadiu a Ucrânia, os preços do petróleo e do gás natural já dispararam nas bolsas pelo mundo. Outro fator que preocupa os especialistas é a dependência do Brasil em relação aos fertilizantes da Rússia.

Nosso país está geograficamente longe dos embates, contudo, acabamos, de alguma forma, sofrendo as consequências da guerra. Os insumos agrícolas são umas das principais preocupações. O presidente Jair Bolsonaro, inclusive, já havia comentado, em entrevista à imprensa, que “Para nós, a questão do fertilizante é sagrada.”

A questão dos insumos agrícolas

Para se ter uma noção, de acordo com dados da Anda (Associação Nacional para Difusão de Adubos), em 2021, mais de 40 milhões de toneladas de fertilizantes foram consumidos no país. Do total, 85% foram importados. Em 2017, os importados representavam 76% do total. De lá para cá número só cresceu.

Especialistas afirmam que 70% de todo o insumo usado no país é importado e a maior parcela vem da Rússia. Esse número, quase dobrou no ano passado, passando de US$ 1,8 bilhão em 2020, para US$ 3,5 bilhões (R$ 18 bilhões) em 2021.

Dados do Itaú BBA, apurados pelo portal G1, mostram que considerando as matérias-primas para os fertilizantes, do total comprado pelo Brasil, vieram da Rússia: 20% dos nitrogenados, 28% do potássicos e 15% dos fosfatados.

E quanto maior o tempo de guerra, maior serão os impactos para o planeta. Isso porque com a interrupção dos transportes, o aumento dos preços dos fertilizantes, por conta do não fornecimento e o aumento das commodities, por conta do bloqueio de navios, quem sofre muito é o agro.

Esses impactos, contudo, deverão ser sentidos apenas na próxima safra. Em entrevista coletiva na última quarta-feira (2), a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) , Tereza Cristina garantiu que não há problemas com a safra neste momento, no entanto, a safra de verão, no final de setembro e outubro, gera preocupação.

“Então, o que precisava de fertilizante já chegou, já está com o produtor rural. Neste momento não temos problema. A safra de verão é uma preocupação”, disse. A ministra ainda acrescentou, que o setor privado confirmou a existência de estoque de passagem de fertilizantes suficiente até outubro.

Trigo e milho

Além dos insumos, o trigo e o milho também sentem os impactos do conflito. Ucrânia e Rússia são importantes exportadores dos grãos, correspondendo por 28,3% da oferta mundial de trigo e 19,5% de milho, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). E por conta das sanções e problemas logísticos, as vendas são impactadas, elevando os preços.

A elevação do preço do milho, por exemplo, acaba causando um efeito muito maior, já que esses grãos são muito usados em ração, aumentando, assim, os custos de produção na pecuária e, consequentemente, das carnes para o consumidor final.

Além disso, existem outros pontos que merecem atenção. Caso haja uma ruptura no fornecimento de gás natural da Rússia para a Europa, o custo de produção de insumos poderá aumentar, podendo, inclusive, paralisar as indústrias de fertilizantes, especialmente os nitrogenados, na Europa.

A alta nos valores do petróleo e gás natural também causam preocupação, impactando diretamente o custo dos produtos agrícolas, já que acaba afetando os valores dos fretes internacionais.

E, com a interrupção dos transportes, em decorrência dos embates e sanções, o aumento dos preços dos fertilizantes, por conta do não fornecimento, e o aumento das commodities, em consequência do bloqueio de navios, os produtores rurais acabam sofrendo as consequências por aqui.

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