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Gene humano em plantas gera 50% mais produtividade, mostra pesquisa

Um estudo realizado por pesquisadores chineses e americanos, e publicado na revista Nature Biotechnology, utilizou gene humano no DNA de arroz e batata para promover o crescimento em plantações. O resultado foi um aumento de 50% na produtividade.

Os estudiosos agora pretendem realizar mais pesquisas para testar a viabilidade agrícola e garantir que os ganhos sejam replicáveis. De acordo com especialistas, este estudo pode abrir o caminho para garantir fartura de alimentos no mundo e revolucionar a genética agrícola de sementes.

“Achamos que esta é uma estratégia muito boa para aumentar nossas safras. Este estudo ainda é inicial. Precisamos realizar muitos mais testes a campo, incluindo avaliações de segurança, antes que esta alternativa prodigiosa possa chegar nas mesas de jantar”, disse o autor do estudo Guifang Jia, em entrevista ao informativo da Universidade de Pequim.

A proteína que foi responsável pelo crescimento das plantas chama-se FTO. Ela está associada ao ganho de massa e crescimento nos seres humanos. Embora esse gene tenha uma má reputação por aumentar o risco de obesidade, outros estudos relataram que a proteína é importante para regular o crescimento em humanos e outros mamíferos.

De acordo com os pesquisadores, o FTO modifica quimicamente as fitas de RNA, que são os códigos genéticos que regem a multiplicação das células. Essencialmente, o FTO atua como um interruptor mestre “ligado” que aumenta a produção generalizada de proteínas.

Ideia do estudo

Os autores estudaram o papel do FTO por uma década. Eles queriam entender o que aconteceria se a proteína do crescimento fosse aplicada nas plantas. “Foi realmente uma ideia ousada e bizarra. Para ser honesto, provavelmente estávamos esperando alguns efeitos catastróficos”, diz o autor do estudo Chuan He, químico da Universidade de Chicago.

De acordo com He, as plantas não têm uma proteína equivalente ao FTO. O químico suspeita que as plantas geralmente mantêm o crescimento sob rédea curta para evitar que qualquer molécula sozinha destrua a fisiologia de uma planta. Mas, diante de uma proteína estranha, ele explica que as plantas não têm freios e contrapesos para moderar as consequências.

A pesquisa revelou ainda que FTO não mata ou deforma nenhuma planta. Em vez disso, força as plantas a fazerem exatamente o oposto: aumentar o tamanho. “Quando inserimos a FTO não há restrição de onde ele pode acessar. É uma bomba de crescimento”, relatou.

 (foto: Nature Biotechnology)

Aplicação no arroz

O gene FTO humano foi implantado nos genomas das plantações de arroz, para que as proteínas das plantas assumissem e produzissem essa molécula humana por conta própria. Na estufa, as safras geneticamente modificadas produziram três vezes mais arroz do que as outras plantas. Crescidas em campos em Pequim, as plantas de arroz eram 50% mais pesadas e produtivas.

A mesma modificação genética também aumentou os tubérculos das plantas de batata. As plantas enriquecidas com FTO também desenvolveram raízes mais longas, apresentaram níveis mais elevados de fotossíntese e foram mais resistentes à seca.

Cada tipo de planta que os pesquisadores alteraram, incluindo grama e árvores, cresceu mais rápido e maior. “Este fenótipo está consistentemente em qualquer planta que projetamos”, diz Jia.

 (foto: Nature Biotechnology)

Incertezas

De acordo com os pesquisadores, apesar do sucesso do estudo, é preciso ter um otimismo cauteloso. Isso porque a modificação genética não foi capaz de ampliar de forma confiável os rendimentos das safras em mais de 10% em todas as variedades.

Diversos fatores podem influenciar e mesmo invalidar os resultados da pesquisa em condições comerciais de produção. Além disso, só por números absolutos, as plantas de arroz e batata modificadas com FTO relatadas têm rendimentos mais baixos do que as variedades comerciais. Então, para aumentar expressivamente a produtividade, é preciso testar os genes nas variedades comerciais que já possuem os melhores desempenhos.

Os pesquisadores já estão nisso, mas perdeu uma temporada de cultivo devido às paralisações de laboratórios do ano passado devido à pandemia. A estimativa é de que serão necessários vários anos para tais avaliações e comprovações.

(Com informações de Agrolink)

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