A ideia era criar um aparelho que conversasse com as máquinas, porém o projeto deu saltos maiores. A ST-One, tecnologia que dá o nome a uma das startups selecionadas na primeira edição do Digital Agro Connection, em 2020, está trabalhando desde novembro na Unidade de Beneficiamento de Sementes (UBS), da Frísia, e na Unidade Industrial de Carnes (UIC), do sistema de intercooperação que tem a cooperativa como uma das integrantes.
A startup tem um dispositivo de Internet das Coisas (IOT) que coleta dados de máquinas, e o volume impressiona. Somente na UBS, desde o início da atividade da startup, foram coletados 30 milhões de dados. Na UIC, ultrapassou 55 milhões. “A gente não faz com que a máquina produza mais, mas damos informação ao gestor para que ele consiga tomar a decisão”, explica Tiago Machado, um dos fundadores da ST-One.
Segundo Machado, a tecnologia surgiu com o objetivo de se comunicar com máquinas. “Não tínhamos ainda ideia de para aonde iriam levar esses dados”, revela. Cada fabricante de máquinas desenvolve o produto de um jeito, e esse foi o primeiro desafio da startup: achar caminhos e atalhos para que a tecnologia se comunicasse com o maior número de máquinas possível. Atualmente, a ST-One, segundo os fundadores, consegue se comunicar com 75% do parque de máquinas do mundo.
“O agro, apesar das pessoas pensarem que é só plantação, também é indústria. Se tem indústria, tem máquina, e se tem máquina dá para tirar dados”, explica Machado.
Como funciona?
O equipamento ST-One é um pouco maior que um smartphone e é encaixado dentro do painel elétrico da máquina. A tecnologia tem diversas conexões que coletam os dados, levando para um sistema em nuvem. A transmissão dessas informações é por 3G, via chip com antena, ou wi-fi.
O objetivo do aparelho é “conversar” com máquinas de diversos fabricantes, coletando e padronizando esse dado. “O ST-One transforma um painel elétrico, que tem um monte de dados, em algo que eu possa acessar via internet. Um painel elétrico que é levado ao ambiente em nuvem”, reforça Machado.
Gestão das informações
“O Digital Agro Connection nos trouxe a oportunidade de conhecer tecnologias de ponta. A ST-One nos apresentou um sistema funcional que ajuda na coleta e registro de dados de nossas máquinas. Como uma das estratégias do setor é o investimento em tecnologia e inovação, a integração possibilitou acessar as informações em tempo real, em qualquer lugar, tornando a gestão mais assertiva”, afirmou o coordenador da Unidade de Beneficiamento de Sementes da Frísia, Jeisson Franke.
Para fazer a gestão, as UBS capturam informações da máquina que faz o beneficiamento da semente antes de ser ensacada, além do ar-condicionado que refrigera os grãos. “Na Unidade de Beneficiamento de Sementes, os dados obtidos são de quando a máquina está ligada e parada. A UBS usa isso para saber quanto tempo os operadores ficaram, de fato, operando as máquinas. Eles já tinham isso, mas de maneira manual, agora o dado é digital e automático”, destaca Machado.
Já na UIC, o ST-One está inserido na termoformadora, máquina que envasa o presunto em uma forma. “É uma máquina megatecnológica que veio da Alemanha, e que fornece um caminhão de dados todos os dias”, disse o fundador da ST-One. As informações obtidas são, por exemplo, sobre o volume produzido por minuto, o consumo de água, a temperatura, a produtividade, o tempo de produção, entre outros.
2ª edição
As inscrições para a 2ª edição do Digital Agro Connection vão até o dia 4 de junho. Criado pela Frísia, o concurso seleciona startups com projetos que atendem as demandas da cooperativa e de suas indústrias.
Os temas da atual edição são “Transformação Digital” e “Indústria 4.0”. Para o primeiro, os setores da cooperativa que serão foco dos modelos de negócio são relacionamento com cooperado e cliente, financeiro, marketing, controladoria, TI, recursos humanos, entre outros. Nas indústrias, a atenção se volta para armazenagem, beneficiamento, logística e comercialização da produção.