Descubra os motivos pelos quais a lei antidesmatamento europeia tem o potencial de influenciar as cadeias de commodities, tais como aquelas relacionadas à soja, café, proteína de origem animal, madeira, cacau e borracha.
Será necessário que o Brasil recorra ao desmatamento de novas áreas com o objetivo de manter seu caminho de crescimento e produtividade? A notícia de que o Conselho Europeu aprovou definitivamente uma lei proibindo a importação de produtos agrícolas provenientes de áreas desmatadas após 31 de dezembro de 2020 suscita essa indagação.
Essa legislação terá um impacto significativo na cadeia de várias commodities, incluindo soja, café, gado, carne, madeira, cacau, borracha, papel e óleo de palma.
Em resposta à pergunta, o crescimento da produção no Brasil é impulsionado pela pesquisa e avanços tecnológicos, não pela expansão de territórios. Dessa forma, a agricultura do país tem se expandido em regiões anteriormente ocupadas por pastagens em estado de degradação. Assim, a pecuária passou por um processo de intensificação, o que significa que a pecuária moderna busca aumentar a produção em áreas menores.
Segundo os dados do MapBiomas, durante os anos 2000, a expansão da área total de pastagem no Brasil chegou a um ponto de estagnação e até mesmo diminuição, com uma redução de 5% entre 2005 e 2020. Além disso, de acordo com o MapBiomas, o Brasil atualmente possui 154 milhões de hectares de pastagens, abrangendo todas as regiões do país, desde o norte até o sul, e englobando diversos biomas.
Na prática
Através da análise de imagens de satélite, os pesquisadores conseguiram avaliar a qualidade das pastagens no Brasil. E constataram que 53% das pastagens (equivalente a 81,6 milhões de hectares) apresentam sinais de degradação. Além disso, as pastagens severamente degradadas representam 14% desse total, correspondendo a 22,1 milhões de hectares em 2020.
Contudo, isso significa que o setor agrícola brasileiro tem uma extensa área disponível para crescer. Dessa forma, não é necessário desmatar nenhuma vegetação nativa para aumentar a produção.
Cenário de desmatamento no Brasil
O Brasil, amplamente reconhecido como uma potência agrícola, dispõe de um enorme potencial para aumentar sua produção sem recorrer ao desmatamento de novas áreas.
Nesse sentido, é crucial abordar a questão de forma diplomática. Assim, fica mais fácil destacar as iniciativas sustentáveis adotadas pelo setor agrícola brasileiro e explicando a complexidade da preservação ambiental realizada nas propriedades rurais do país.
Através de uma abordagem diplomática, as práticas responsáveis adotadas ganham evidência e promovem uma compreensão mais abrangente da preservação ambiental no contexto agrícola brasileiro.
Com isso, um exemplo importante que se destaca é que, enquanto a Europa está iniciando discussões sobre agricultura de baixo carbono, a agropecuária brasileira já conseguiu mitigar cerca de 170 milhões de toneladas de CO2 equivalente em uma área de 52 milhões de hectares nos últimos 10 anos.
Isso demonstra o compromisso do setor em enfrentar os desafios ambientais. Além disso, é crucial considerar que esses países muitas vezes não fazem distinção entre desmatamento ilegal e legal, o que ignora a legislação vigente no Brasil.
A sustentabilidade é fundamental para impulsionar o setor agrícola brasileiro, levando em conta os aspectos ambientais, sociais e econômicos. No entanto, é importante reconhecer que há uma complexa dinâmica por trás das disputas no mercado internacional.
É necessário o diálogo aberto e transparente que aborde essas questões e encontre soluções mutuamente benéficas. O Brasil está comprometido em fortalecer suas políticas de sustentabilidade e em mostrar ao mundo as ações responsáveis adotadas pelo agro brasileiro.