O debate sobre sustentabilidade já não é um assunto reservado apenas às pessoas e entidades ligadas ao meio ambiente. Medidas ESG (Governança ambiental, social e corporativa, na tradução do inglês) influenciam a percepção de valor das companhias e a tendência é que, a medida em que mais eventos climáticos aconteçam, a pressão para que as empresas sejam ambientalmente responsáveis só aumente e a cadeia logística não fica de fora.
Uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Municípios (CNM) apontou que os prejuízos financeiros causados por desastres naturais no Brasil somaram mais de R$ 72 bilhões em 2022. O valor representa um recorde anual alcançado em apenas quatro meses, entre janeiro e abril. Em 2021, durante os 12 meses, o montante despendido foi de R$ 60,3 bilhões.
Pierre Jacquin, vice-presidente da project44 para a América Latina, acredita que “um dos desafios mais urgentes reside no fato de que, muito provavelmente, esse deve ser o cenário normal daqui para a frente. As Nações Unidas atualmente prevêem um panorama no qual deve existir um aumento de desastres em todo o mundo. Para a ONU, chegaremos à marca de 560 desastres por ano até 2030, cerca de um desastre climático e meio por dia, em todo o globo”.
Os Estados Unidos, por exemplo, são 3º colocados no ranking de anos cujos prejuízos causados por desastres chegaram aos bilhões de dólares. No ano passado, somente o furacão Ian, causou um prejuízo de US$ 113 bilhões.
Conforme explica Jacquin o setor já trabalha para que haja mais mais sustentabilidade na cadeia logística. Em 2023, segundo ele, haverá mais alterações nos requisitos da International Maritime Organization (braço da ONU). “De acordo com as novas regras, navios mais antigos devem desacelerar para reduzir as emissões, e em geral, as embarcações terão que reduzir o número de viagens”, explica.
Com as novas regras, a tendência é que haja um aumento nos preços, já que a demanda por suprimentos continuará forte. “Apesar das novas regulamentações e da importância urgente do combate às ameaças climáticas, a realidade é que há muito a ser feito. Principalmente quando falamos de emissões de escopo 3 – termo usado para se referir a emissões de carbono geradas por ativos que não são controlados por uma mesma corporação”, fala Pierre.
Como aumentar a sustentabilidade na cadeia logística?
A falta de dados, rastreabilidade e visibilidade na cadeia de suprimento torna a situação desafiadora. Jacquin aponta que para medir e reduzir com precisão as emissões da sua cadeia de suprimentos, são necessários três elementos:
- Dados de emissões acessíveis e precisos;
- Visibilidade e relatórios automatizados de suas emissões globais de transporte;
- Soluções de fluxo de trabalho para permitir a tomada de decisões baseadas em emissões.
“Tudo isso só é possível com medições realmente precisas”, garante. Para os embarcadores, transportadores e prestadores de serviços de logística, as soluções digitais são opções certeiras e essenciais. Elas garantem visibilidade em tempo real e de ponta a ponta em toda a cadeia de abastecimento. “Podemos controlar aquilo que é possível enxergar, e por isso a visibilidade é tão valiosa. Tanto para o reconhecimento de gargalos e pontos críticos quanto para planejar possíveis alterações de rotas e modais que possam aliviar a pegada ambiental dos movimentos de carga”, fala o profissional.
Para enfrentar esse desafio da sustentabilidade, é fundamental que mais companhias invistam na transformação digital para lançarem mão de ferramentas que possam conectar inteligência logística e cálculo de emissão de poluentes, para aumentar a visibilidade e o fluxo de mercadorias mundo afora, com boa produtividade e cumprimento de prazos.
“Então, se você ainda não começou a executar a medição das emissões do escopo 3, agora é a hora. Identifique seu principal modal, certifique-se sobre quais fornecedores têm a maior pegada de emissões e invista em tecnologia para ajudar na sustentabilidade da cadeia de suprimentos global”, finaliza.