O Governo do Paraná, por meio do Sistema Estadual de Agricultura (Seagri), está desenvolvendo um projeto para aproveitar os dejetos agropecuários para a produção de biogás e biometano com foco no hidrogênio verde. Encontrar alternativas sustentáveis para destinar esses resíduos é um dos desafios atuais do agro.
Para isso, um grupo de profissionais está, desde novembro do ano passado, trabalhando nas ações que irão apoiar e incentivar os produtores rurais que fazem parte do Programa Paraná de Energia Rural Renovável (RenovaPR), que apoia o financiamento de usinas sustentáveis.
“O grupo estuda um plano que estabeleça uma política pública de aproveitamento racional e eficiente das possibilidades de energia renovável. Entre as estratégias está uma parceria com a Compagas, que abre uma boa oportunidade de introdução do biometano em sua matriz energética, possibilitando a injeção de biometano nos gasodutos”, afirma o Governo do Paraná, em nota.
A ação vai gerar uma grande demanda no setor, que tem como maior fonte de geração de energia o aproveitamento por biodigestão dos dejetos das cadeias produtivas de proteína animal e nos resíduos das agroindústrias e frigoríficos.
A nova política estimulará os produtores, agroindústrias e cooperativas agropecuárias a ter mais facilidade para instalar usinas em suas propriedades, já que a ação pretende ampliar os benefícios e estímulos tanto pela tributação incentivada como pela subvenção às taxas de juros dos financiamentos rurais.
Essa nova política pública vai inventivar uma geração de energia térmica que substituirá a demanda por lenha. “A geração própria de energia elétrica é extremamente vantajosa para os produtores rurais, da mesma forma que é a geração de biometano para uso combustível tanto em motores geradores como no transporte e logística do próprio agro”, afirmou o coordenador do programa de energia renovável, Herlon Goelzer de Almeida.
De acordo com Norberto Ortigara, secretário de Estado da Agricultura e Abastecimento do Paraná, o objetivo é gerar competitividade ao agro do Paraná através da redução de custos “seja pela redução de custos propiciada, seja pela geração de novos produtos, seja pela venda de energia elétrica e biometano, produtos que os criadores e agroindústrias paranaenses já podem produzir e fornecer com regularidade ao mercado”, destacou.
A política pública será apresentada em discussão até o final de fevereiro. Depois, passará por análise e discussões com o setor produtivo e suas instituições, sendo aperfeiçoada durante o mês de março. A previsão do anúncio oficial é entre os dias 18 e 20 de abril, durante o Fórum Sul Brasileiro de Biogás e Biometano, que ocorrerá em Foz do Iguaçu, no Oeste. O primeiro debate público ocorrerá no Show Rural Coopavel, em Cascavel (Oeste), no dia 9 de fevereiro, às 10 horas no Espaço Impulso.
Com o programa, o Paraná pretende se tornar o estado brasileiro mais propício à produção de hidrogênio verde. Para isso, a biomassa paranaense, em especial das cadeias produtivas da proteína animal, é uma fonte com volume expressivo e renovável.
O hidrogênio verde é aquele produzido com eletricidade e gerado a partir de meios orgânicos e processos limpos, fazendo uso de energia renovável no seu processo.“O hidrogênio é considerado o combustível do futuro e motivo de investimentos de pesquisa e desenvolvimento por muitos países, e o Paraná e o Brasil estão nessa rota com reconhecimento mundial da sua viabilidade”, disse Ortigara.
Investimentos
Empresários e representantes do governo alemão estiveram recentemente em Toledo e Nova Santa Rosa para discutir, com o governo, investimentos na geração de biogás, biometano e hidrogênio verde. O vice-governador Darci Piana , o secretário Norberto Ortigara e o secretário Valdemar Bernardo Jorge (Desenvolvimento Sustentável) estiveram presentes e assinaram convênios de cooperação entre as empresas alemãs e as cooperativas Ambicoop, de Toledo, e Coopersan, de Nova Santa Rosa.
“Essa foi uma demonstração de que o Paraná possui potencial para hidrogênio verde, tanto que o governo e empresas alemãs já estão investindo 2,3 milhões de euros em infraestrutura e no estudo de viabilidade técnica e econômica”, acentuou Ortigara.
De acordo com o coordenador do RenovaPR, agora o desafio é tornar essa nova política mais atrativa, para estimular ainda mais a geração de biogás, biometano e, no futuro próximo, o hidrogênio verde. “As agroindústrias e cadeias produtivas de suínos, frango e leite são as mais promissoras, pois possuem dejetos e resíduos, que, além de gerarem energia, poderão gerar hidrogênio”, afirmou Almeida.
O Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – Iapar-Emater (IDR Paraná), por meio do RenovaPR, discute a realização de um convênio com a Agência Alemã de Cooperação, o que deve se efetivar ainda neste trimestre.
(Com informações da Agência Estadual de Notícias – PR)