Cientistas da Universidade de São Paulo (USP) desenvolveram uma luva que promete revolucionar o mercado de detecção de agrotóxicos. De longe pode até parecer comum, mas a luva de borracha sintética possui sensores capazes de detectar pesticidas de quatro classes diferentes, entre eles alguns dos mais usados em culturas como café, grãos e cereais,, além dos pesticidas da classe paraquate (herbicida do rol dos compostos de bipiridínio), que foi banido no País pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
O exame de detecção de agrotóxicos, até então, exigia mão de obra qualificada e análises laboratoriais demoradas. Com esta luva o trabalho pode ser realizado em poucos minutos. Os resultados são acessados por meio de smartphones.
Toda a pesquisa foi idealizada e liderada por Paulo Augusto Raymundo-Pereira, químico e pesquisador do Instituto de Física de São Carlos (IFSC-USP).
Como funciona?
Antes de utilizar a luva, é preciso molhar as plantas, para que se forme um eletrólito. Depois, ocorre a detecção eletroquímica. Cada dedo deve ser colocado individualmente em contato com a água na superfície da planta e em poucos minutos os dados são analisados e os resultados divulgados por um software instalado no celular.
Além de alimentos, a luva também funciona com suco de frutas. Basta mergulhar os dedos no suco a ser analisado. A escolha das substâncias utilizadas (eletrodo de carbono funcionalizado, eletrodos modificados com nanoesferas de carbono e carbono printex) foi importante, pois possibilitou ao produto que detectasse uma gama maior de pesticidas.
A invenção é capaz de identificar agrodefensivos de quatro categorias das mais utilizadas na agricultura brasileira: carbamatos, fenilamidas (subclasse das fenilureias), compostos de bipiridínio e organofosforados. Com isso, alguns grupos que não aparecem nos exames por método tradicional, como triazinas, glicina substituída, triazol, estrobilurina e dinitroanilina, também são detectáveis.
O produto está passando pelo processo de requisição de patente junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi). Ele é o único no mercado que faz detecção de agroquímicos. Não existe, até então, um produto que possa detectar substâncias contaminantes in loco. Com isso, abrem-se diversas portas para o uso da luva, como por profissionais da saúde e de controle de segurança alimentar, bem como no controle da importação de alimentos.
Alta tecnologia e baixo custo
A luva, apesar de utilizar alta tecnologia, possui um baixo custo. Os sensores utilizados custam menos de US$ 0,1. O item mais caro do produto é a luva de nitrílica, que teve um grande aumento devido ao crescimento da procura na pandemia.
Esta invenção pode ser um aliado dos produtores que queiram garantir que seus produtos respeitem as normas locais e internacionais.
(Com informações de Canal Agro)