Pesquisa: a gestão das propriedades produtoras de leite

A agroindústria do leite é composta por diversos agentes que integram a cadeia de suprimentos desde a aquisição da matéria-prima até a distribuição do produto para o cliente final. Essa cadeia tem importância em termos de contribuição econômica e social para o país ou região.

Dessa forma, a obtenção de produtividade não está relacionada apenas aos benefícios para o produtor, como aumento de lucratividade, competitividade no mercado, eficiência na gestão das propriedades, mas em aspectos que geram impactos na sociedade, como, por exemplo, geração de novos postos de trabalho.

Para isso, conhecer os principais pontos de gestão dentro da propriedade – como o custo de produção, os principais pontos de desperdícios, as necessidades e treinamentos oferecidos aos funcionários – é extremamente importante para a melhoria da cadeia produtiva e para a melhoria da qualidade do produto, assim como o emprego e busca por novas tecnologias.

Pesquisa

Por meio do método de pesquisa survey, que é utilizado para obter dados em um processo de pesquisa, aplicando um questionário em determinado grupo de indivíduos, foram levantadas as principais restrições na gestão da cadeia produtiva leiteira englobando aspectos econômicos, tecnológicos e de gestão de pessoas de propriedades localizadas na microrregião de Tupã/SP.

De acordo com dados fornecidos pela CATI (2017) e IBGE (2019), a microrregião de Tupã conta com sete municípios, responsáveis pela produção de 13,8 milhões litros de leite por ano, distribuídos em 688 propriedades.

Dessa forma a microrregião de Tupã corresponde a 46,5% da produção leiteira da região de Marília, sendo 1,1% do estado de São Paulo (IBGE, 2019).  Os dados foram obtidos entre os anos de 2018 e 2019, pela aplicação de um formulário com perguntas estruturadas à 68 produtores, obtendo uma amostragem de todos os municípios da região.

Os produtores leiteiros foram caracterizados com idade média de 44 anos, sendo 15% dos entrevistados do sexo feminino e 85% do sexo masculino, ainda, apenas 25% dos filhos dos entrevistados atuam no campo.

As propriedades da amostragem tiveram início na atividade leiteira entre os anos de 1928 e 2018 e tem uma grande variação de produção diária, oscilando com uma produção média de 10 a 2700 litros de leite, e 98,5% tem a produção de leite como atividade econômica principal.

Resultados

Custo de produção

  • 88,3% dos produtores conhecem o custo de seu processo de produção. Porém há necessidade de melhora no processo de uso das informações e tomada de decisão;
  • A ração foi indicada como item de maior custo por 67,6% dos produtores. A procura de novos fornecedores e o estabelecimento de contratos de longo prazo podem garantir uma boa gestão de preço e estoque, impactando positivamente no lucro da empresa.

Eliminação de desperdícios

  • O estabelecimento de parceria com os laticínios permite aos produtores leiteiros a venda do leite em sua totalidade para a maioria dos laticínios, auxiliando a não geração de desperdício de produção;
  • Para produtores que não realizam a venda do leite ou o realizam de forma parcial, este se dá para consumo próprio e para a produção de queijos e sua venda a terceiros.
  • Neste aspecto o produtor tem a agregação de valor ao produto, podendo obter uma maior rentabilidade, porém necessita de cuidados na conservação do produto, sabendo que este é um item de alta perecibilidade.

Gestão de tecnologia de informação

  • A ausência de informações limita a gestão da empresa; O acesso e a habilidade em lidar com essas tecnologias são essenciais para a competitividade da organização;
  • A informação é capaz de subsidiar o entendimento sobre os fatores referentes ao ambiente interno e externo, aos concorrentes e ao mercado como um todo.     

  Gestão de pessoas  

  • Há necessidade de o produtor rural entender que a capacitação de seu colaborador traz ganhos para a produção;
  • O investimento em capacitações gera impacto direto na formação e no desenvolvimento de novas habilidades destes funcionar

 Melhoria da qualidade do leite

  • Em relação a melhoria contínua, 91,18% dos proprietários possuem a preocupação com melhorar a qualidade do leite. Porém, a análise do leite é na maioria das vezes realizadas pelos laticínios (92,65% dos casos) e somente 44% dos produtores analisa com cuidado estes resultados. Normalmente, o produtor, que é o fornecedor, só receberá uma notificação quando o leite estiver fora do padrão requerido pelo laticínio;
  • Além das boas práticas de manejo para a melhoria da qualidade do leite, há necessidade de analisar e conhecer todos os insumos utilizados como alimentação do rebanho. Nesta pesquisa, apenas 20,6% dos produtores realiza a análise da ração e 60,3% realiza a análise anual do solo da pastagem da propriedade.

Sobre a pesquisa:  Desenvolvida em parceria com o programa de Pós-Graduação em Agronegócio e Desenvolvimento e principalmente com o Projeto de Extensão Kamby (PROEX/UNESP), da Faculdade de Ciências e Engenharia, UNESP, Câmpus Tupã.  

FONTE: MILKPOINT

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