O Projeto A.Mar, idealizado por Rodolfo Villar, é um exemplo de valorização da pesca artesanal no litoral de São Paulo. Nesse sentido, esta iniciativa transforma comunidades de pescadores com técnicas de conservação que aumentam a qualidade do pescado.
Uma transformação necessária na pesca artesanal
Desde 2017, o Projeto A.Mar destaca a importância das comunidades de pesca artesanal. Assim, a iniciativa começou silenciosamente em 2004 e, ao longo dos anos, ganhou força. Rodolfo Villar, publicitário e pescador amador desde a infância, percebeu o valor e os desafios da pesca artesanal. Na praia do Bonete, onde Villar cresceu, a ausência de energia elétrica dificultava a conservação do pescado, levando à rápida deterioração.
Conservação e qualidade: o coração do Projeto A.Mar
O Projeto A.Mar capacita pescadores em técnicas de conservação, como defumação, conserva, salga, charcutaria e fermentação. Então, essas técnicas melhoram a qualidade do peixe, permitindo que ele se mantenha fresco por mais tempo. Assim, os pescadores podem negociar melhores preços, aumentando significativamente sua renda. Por exemplo, Villar conta sobre essa mudança: “Em 2014, 2015, um quilo de carapau chegava a menos de um real. Hoje, é difícil vender por menos de 8 ou 10 reais.”
Valorização da pesca artesanal: impacto econômico e sustentabilidade
O Projeto A.Mar promove a sustentabilidade econômica das comunidades pesqueiras. Por exemplo, em Ilhabela, a técnica de cerco-flutuante, uma herança da colonização japonesa, é amplamente utilizada. Apenas os cercos relacionados ao Projeto A.Mar geram 40 toneladas de pescado por ano. Portanto, com a melhoria na qualidade do pescado, o incremento de renda pode chegar a 80 mil reais por ano. Isso reflete a valorização do trabalho dos pescadores e a importância da pesca artesanal na cadeia produtiva.
Disseminação de conhecimento e expansão internacional
O Projeto A.Mar beneficia comunidades locais e está expandindo seu alcance. Técnicas e conhecimentos estão sendo disseminados em outros estados brasileiros, como Ceará e Rio de Janeiro, e até no Peru. Villar destaca que a demanda por essas técnicas de conservação existe em diversos lugares, mostrando a relevância e a aplicabilidade do projeto em diferentes contextos.
Produtos inovadores e mercado
O laboratório do Projeto A.Mar, situado na Ilhabela, desenvolve novos produtos a partir do pescado, que são comercializados em restaurantes e empórios. Entre os produtos desenvolvidos, destacam-se a alheira de carapau do chef Rodrigo Oliveira e as ovas de tainha reconstruídas do restaurante Maní. Esses produtos promovem a gastronomia sustentável e geram receita para a continuidade do projeto.
O Projeto A.Mar é um exemplo notável de como a valorização e a capacitação podem transformar a pesca artesanal. Ao ensinar técnicas de conservação e promover a qualidade do pescado, o projeto aumenta a renda das comunidades pesqueiras e destaca a importância ambiental e cultural dessas comunidades. Com sua expansão para outras regiões e a criação de produtos inovadores, o Projeto A.Mar está moldando um futuro mais sustentável e valorizado para a pesca artesanal.
Fonte: Exame