Pesquisadores da Universidade de East London (UEL), no Reino Unido, em parceria com os arquitetos da Grimshaw e a fabricante de açúcar Tate & Lyle Sugar desenvolveram um material inovador de construção chamado de Sugarcrete – um concreto feito de cana-de-açúcar. O produto, criado combinando bagaço com ligantes minerais, é mais leve do que o tijolo tradicional e tem de 15% a 20% da pegada de carbono.
Conforme destacam os pesquisadores, o objetivo principal do projeto é explorar soluções sustentáveis para utilizar resíduos biológicos da cana-de-açúcar ao mesmo tempo em que se reduzem as emissões de carbono na indústria da construção. “A principal inovação do Sugarcrete™ é desafiar o equívoco estabelecido de que biomateriais têm baixo desempenho estrutural e criar um material com força estrutural suficiente para ser auto-portante”, afirmou Armor Gutierrez Rivas, Professor Sênior em Arquitetura, ao site Arch Daily.
Seria possível, por exemplo, substituir totalmente a indústria de tijolos ao utilizar uma fração de 30% da produção global de bagaço. Isso resultaria em uma economia de 1,08 bilhão de toneladas de CO2, ou 3% da produção global de gás carbônico.
O estudo afirma que a cana-de-açúcar é até 50 vezes mais eficiente que a silvicultura na conversão de CO2 em biomassa. O material também apresenta boas características estruturais, é isolante, resistente ao fogo, fácil de usar com mão de obra não qualificada e tem uma cadeia de suprimentos simplificada devido à sua composição simples.
Processo de fabricação do concreto feito de cana-de-açúcar
Conforme explica Bamdad Ayati, bolsista de pesquisa do Instituto de Pesquisa de Sustentabilidade na Uel, a fabricação do Sugarcrete não é complicada e se assemelha aos blocos de concreto tradicionais. “Envolve mistura, fundição e secagem/cura de materiais. Os componentes de liga são baseados em minerais e amplamente disponíveis em locais com uma indústria açucareira estabelecida. Como outros materiais de construção, os desafios de produção em larga escala estão associados à variabilidade na matéria-prima bruta em termos de conteúdo de umidade, tamanho de partícula, impurezas indesejadas, etc”, explica.
O sistema criado pelos pesquisadores envolve um sistema de intertravamento que utiliza partes que se conectam e permitem a construção de estruturas de grande porte usando pequenos componentes discretos, sem a necessidade de argamassa.
“A ética da inovação material para lidar com a crise climática deve projetar a cadeia de suprimentos, bem como a especificação de desempenho. O carbono está no topo da lista; Também devemos mencionar a toxicidade em relação à saúde e a segurança nos processos de construção. Usando bagaço e outros produtos biológicos de crescimento rápido em combinação com ligantes minerais inertes não apenas para camadas de isolamento, mas também para estruturas, elimina as linhas de produtos quimicamente malignas e baseadas em combustíveis das obras. Isso responde diretamente às prioridades de segurança da Lei de Segurança de Construção durante as sequências de fabricação, construção, demolição, reutilização e descarte”, garante Alan Chandler.
O produto inovador foi indicado ao prêmio Earthshot 2023, conhecido como o maior prêmio global para o meio ambiente.
(Fonte: Arch Daily)