Melhor gestão das águas subterrâneas pode evitar crises hídricas no Brasil, dizem cientistas

Você sabia que cerca de 97% de toda a água doce do planeta está localizada no subsolo? De acordo com cientistas, esse recurso, se bem utilizado, poderia garantir a segurança hídrica do Brasil. Contudo, diferentemente da Alemanha e da Dinamarca, que já têm essa como sua principal fonte de abastecimento, por aqui apenas 18% das cidades contam com a alternativa.

“As estiagens são previsíveis. Cada vez mais, sabemos quando e onde vão ocorrer. O que temos de fazer é nos preparar, investindo em infraestrutura e gestão para que a estiagem não vire crise hídrica”, disse Ricardo Hirata, professor do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (IGc-USP), durante o último evento do Ciclo ILP-FAPESP de Ciência e Inovação de 2023, realizado na segunda-feira (27/11).

O pesquisador explica que contar com as águas subterrâneas é crucial para evitar possíveis crises hídricas no país. “Aquíferos são grandes caixas d’água que a natureza nos deu e devemos utilizar de forma apropriada. Eles podem receber pequenos ingressos de água, mas ficar vários anos sem receber e não haverá problema”, disse.

Já o diretor-presidente do Conselho Técnico-Administrativo da FAPESP, Carlos Américo Pacheco falou que a água é o principal assunto em comum entre economia, agricultura, indústria e pessoas. “O tema da água é um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável [Agenda 2030 das Nações Unidas] em si e também está relacionado a vários outros. Fome, redução da desigualdade, estão todos ligados à água. Esse tema é central na condição de vida das pessoas e do ponto de vista econômico, da agricultura, da indústria e das populações, sejam das cidades ou das áreas rurais”, definiu ele durante a abertura do seminário.

De acordo com Rodrigo Lilla Manzione, professor da Faculdade de Ciências, Tecnologia e Educação da Universidade Estadual Paulista (FCTE-Unesp), em Ourinhos, a crise hídrica que ocorreu em 2018 nos municípios abastecidos pela bacia do Paranapanema só não foi pior porque boa parte deles é abastecida tanto por águas superficiais, quanto pelas subterrâneas.

A bacia do Paranapanema abastece quase 5 milhões de pessoas em 247 municípios, 115 no Estado de São Paulo e 132 no Paraná. “Há ainda um problema sério de saneamento, com baixos níveis de coleta de esgoto em muitas cidades da bacia, que lançam esgoto in natura nos rios”, conta.

Hirata acredita que é um erro das cidades apostar em apenas um sistemas. O ideal, segundo ele, “é pensar em opções variadas, como águas superficiais e subterrâneas, além de água de reúso para atividades como rega de plantas, descargas e refrigeração, sobrando água potável para a população, sobretudo os mais pobres”, concluiu.

A transmissão completa do seminário pode ser vista em: www.youtube.com/watch?v=nfoyxWBJrTc

(Fonte: Agência FAPESP)

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