A produção brasileira de etanol de milho terá um grande aumento já na próxima safra, devendo chegar aos 6 bilhões de litros, segundo informações da União Nacional do Etanol de Milho (Unem). Este número é 36% superior ao registrado no ciclo anterior e 800% maior do que nos últimos cinco anos.
De acordo com o Sistema FAEG, esse crescimento da capacidade produtiva é resultante, principalmente, da ampliação do complexo industrial brasileiro – com evolução da quantidade de usinas – , adoção de tecnologias, aumentando o rendimento industrial, e maior demanda internacional por biocombustíveis.
É possível citar como vantagens, ainda, a grande disponibilidade de matéria-prima, principalmente por utilizar milho de segunda safra no País e que traz benefícios quanto à proteção da terra, reciclagem de nutrientes e carbono orgânico no solo, e a contribuição com o processo de descarbonização.
Em Goiás, na safra 2022/23, foram utilizados 1,1 milhão de toneladas de milho para a produção de etanol. Considerando que o Estado colheu 12 milhões de toneladas – segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) -, este volume representa quase 10% da produção local. Para a próxima safra, a expectativa é de crescimento para 1,2 milhão de toneladas. O etanol de milho já é a segunda principal fonte de consumo do milho goiano, ficando atrás apenas da alimentação animal.
Segundo o coordenador técnico do Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (Ifag), Alexandro Alves, o etanol de milho tem sido visto como um produto com grande agregação de valor. “Além de fomentar a produção do cereal, especialmente em Goiás e no Mato Grosso, e produzir biocombustível [etanol], ele gera coprodutos como o óleo, o DDG [grãos secos de destilaria] e o DDGS [grãos secos de destilaria com solúveis], estes últimos usados na ração animal. Também fomenta a geração de energia e a produção de florestas plantadas de eucalipto”, informa.
Alexandro explica que existem diferenças entre a cana-de-açúcar e o milho. “A cana tem 54% menos açúcar do que o milho. Ou seja, 1 tonelada dela só faz 89,5 litros de etanol. Apesar de ser mais difícil transformar em açúcar as moléculas de amido, o milho produz mais sacarose e álcool. Uma tonelada rende 407 litros de etanol. A diferença basicamente está no rendimento, sendo que em relação ao produto final é exatamente o mesmo produto, ou seja, a molécula de etanol é uma cadeia carbônica que não possui diferença, independentemente de onde a matéria-prima é oriunda”, afirma.
Existem três modelos de usinas de etanol de milho operando no Brasil: a Usina Full (ou dedicadas) – que processa exclusivamente milho para produção de etanol; a Usina Flex, que são aquelas de cana-de-açúcar adequadas para produzir etanol de milho no período da entressafra da cana; e a Usina Flex Full, que são usinas de cana e milho que operam paralelamente.
De acordo com o coordenador técnico do Ifag, Alexandro Alves, a produção de etanol de milho já é realidade nos Estados Unidos há alguns anos e começa a adquirir grande importância também no Brasil, tornando a matriz energética nacional ainda mais limpa. “Os números mostram isso. Mas, há três anos, sua participação não passava de 6%, o que mostra a rápida evolução na participação do etanol de milho no mercado nacional”, diz.
Ele reforça que para os próximos anos, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) espera que 11 novas usinas sejam colocadas em prática e sete ampliações envolvendo especificamente a fabricação de etanol de milho. “Em dez anos, a produção de etanol de milho no Centro-Sul saltou de 37 milhões de litros para 4,4 bilhões de litros. A expansão da produção do biocombustível a partir do grão deverá ser ainda maior no atual ciclo, representando 17% do volume total de etanol contra 15% na safra 2022/2023. Há uma tendência clara de crescimento não somente no Centro-Oeste, mas já temos iniciativas em outras regiões do País”, finaliza.
(Fonte: Sistema FAEG)