Saliva de mosca tem potencial para produzir energia sustentável

Pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) identificaram enzimas, presentes na saliva de mosca, que têm potencial para produzir energia sustentável. Segundo os estudiosos, essas substâncias poderão, no futuro, ter papel importante no campo da biotecnologia, como os biocombustíveis, no ciclo de carbono e também na saúde do solo. A descoberta, de acordo com um comunicado feito no Jornal da USP, aconteceu durante o sequenciamento do DNA genômico da mosca Pseudolycoriella hygida, espécie isolada pela primeira vez em 1965 no campus da USP em Ribeirão Preto. Desde então o inseto vem sendo estudado.

Conhecidas cientificamente como CAZymes, essas enzimas ativas em carboidratos são especialistas na degradação de paredes celulares de plantas e fungos. Segundo o estudo, elas digerem polissacarídeos (carboidratos que são considerados polímeros naturais), tornando o inseto em um dos protagonistas no ciclo de carbono.

O professor Richard John Ward, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, um dos autores da pesquisa, explica que esses decompositores (insetos, fungos e bactérias) degradam matéria orgânica durante o processo de alimentação, utilizando as moléculas liberadas como nutrientes. Estes organismos são consumidos por outros, assim estabelecendo uma cadeia trófica (alimentar). “Nos trópicos, insetos também contribuem com uma fração significativa do ciclo de carbono. A larva de P. hygida secreta saliva contendo CAZymes no meio externo, que iniciam o processo de degradação de material vegetal, e continuamente ingere material parcialmente decomposto”, afirma Ward.

Durante a pesquisa foi descoberto que as substâncias presentes na saliva de mosca apresentam alto potencial para aplicações biotecnológicas. O estudo indica que a função de degradação dos componentes da parede celular de plantas pode ser importante no desenvolvimento de processos para liberação de açúcares e consequente produção de biocombustíveis e insumos sustentáveis para a indústria química.

“As CAZymes são capazes de catalisar a conversão (acelerar a transformação) de diferentes polissacarídeos (xilanas, glucanas, etc.) para produzir açúcares; e estudos bioquímicos da saliva nos permitiriam entender melhor como a espécie atua na degradação de biomassa vegetal e de fungos”, adianta a pesquisadora Nadia Monesi.

Apesar dos estudo, ainda não é possível dizer que o inseto em questão seja o mais eficiente na função. Ward explica que o que se sabe, até o momento, é que “a identificação das CAZymes secretadas de sciarídeos explica em parte as bases bioquímicas da atividade desses decompositores em cadeias tróficas de solo. Além dessa contribuição, o estudo tem potencial para aplicações biotecnológicas, por exemplo, na degradação da biomassa vegetal para liberar açúcares que podem ser utilizados em processos fermentativos para a produção de biocombustíveis e insumos sustentáveis para a indústria química”.

(Fonte: Jornal da USP)

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