Uma inversão na tendência migratória vem acontecendo nos últimos tempos, com o êxodo rural sendo substituído pelo retorno de jovens ao campo.
A concepção de que o meio rural é caracterizado por atraso e conservadorismo está desatualizada. Os jovens que vivem nas áreas rurais estão cada vez mais conectados às redes sociais, possuem acesso à tecnologia e estão envolvidos em questões contemporâneas. Como empoderamento feminino, igualdade de gênero, sustentabilidade e diversidade.
O progresso das tecnologias de informação também contribui para o retorno dos jovens ao campo, pois possibilita a realização de cursos de graduação por meio da modalidade de ensino a distância (EaD).
Além disso, existem iniciativas promovidas por cooperativas e outras instituições que oferecem programas de formação e capacitação. Essas oportunidades ampliam as opções educacionais e profissionais disponíveis para os jovens que desejam permanecer no meio rural.
Esse fenômeno tem ocorrido em escala global. Nos Estados Unidos, um estudo conduzido pela National Young Farmers Coalition sobre o impacto dos jovens na agricultura, revela que eles estão transformando o modelo de produção de alimentos. Buscam maneiras de tornar a agricultura mais eficiente e lucrativa, ao mesmo tempo em que preservam as tradições familiares.
Migração rural e a reversão do exôdo rural no Brasil
Até a década de 1960, o Brasil era predominantemente rural, mas desde então a população urbana cresceu constantemente, levantando preocupações sobre o despovoamento das áreas rurais, que representam mais de 40% do território nacional, de acordo com o IBGE.
A industrialização e a mecanização agrícola contribuíram para o êxodo rural, com os jovens sendo os primeiros a deixarem as fazendas em busca de educação e oportunidades de emprego, resultando na escassez de mão de obra renovável nas zonas rurais.
Contudo, essa tendência está se revertendo graças à comunicação facilitada e à urbanização do meio rural. A pandemia de covid-19 e o aumento do trabalho remoto impulsionaram a migração dos jovens para áreas rurais, sendo a internet um recurso essencial para sua inclusão nos processos produtivos e introduzindo uma nova dinâmica para o campo.
Jovens, tecnologia e agro
A agricultura tem passado por um processo de profissionalização crescente com a adoção da mecanização e da agricultura de precisão, também conhecida como agricultura 4.0. Tecnologias e técnicas como telemetria, georreferenciamento, agritechs e drones estão ajudando os gestores a compreender melhor a produção e obter resultados mais elevados.
A operação dessas inovações requer profissionais qualificados, o que tem atraído mais jovens para o trabalho no campo. A adoção desses novos recursos tem gerado impactos significativos. Como economia de insumos e planejamento estratégico da produção, além de proporcionar novos conhecimentos e uma nova visão sobre o agronegócio.
De acordo com o Censo de 2010 do IBGE, existem 6,5 milhões de jovens entre 18 e 32 anos vivendo no campo. É esperado que o próximo levantamento populacional demonstre um aumento desse público. Estimativas preliminares indicam que regiões com grande participação no agronegócio, como Mato Grosso do Sul, registraram crescimento populacional acima da média nacional.