Embrapa e Agrorobótica desenvolvem tecnologia de IA que avalia pegada de carbono na agricultura

Técnica é a mesma que a Nasa utilizou nos robôs enviados na missão para avaliar o solo de Marte. 

A Embrapa Instrumentação (SP) em parceria com a agfintech Agrorobótica desenvolveram ma tecnologia de IA que avalia a pegada de carbono na agricultura enquanto faz também a gestão da fertilidade do solo e nutrição das plantas. A Plataforma de Inteligência Artificial (IA) AGLIBS, será lançada durante a a 28ª edição da Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação (Agrishow), que vai ocorrer de 1º a 5 de maio, em Ribeirão Preto (SP), quando será comemorado o aniversário de 50 anos da Embrapa.   

A inovação integra diferentes softwares e sensores avançados que permitem a digitalização do solo e das atividades agrícolas, viabilizando o acesso à agricultura de precisão e à comercialização de crédito de carbono no mercado voluntário internacional.  

Segundo divulgação da Embrapa, a plataforma foi desenvolvida alinhada a critérios científicos aceitos internacionalmente. Uma curiosidade interessante, é que ela tem como base a tecnologia LIBS (Laser Induced Breakdown Spectroscopy), a mesma utilizada pela Nasa (Agência Espacial Norte-Americana) nos robôs enviados para fazer aavaliação do solo de Marte. A tecnologia LIBS foi aprovada mundialmente pela certificadora americana Verra, que gerencia o principal programa voluntário de mercados de carbono do mundo, o Programa Verified Carbon Standard (VCS), no segundo semestre de 2022. 

De acordo com a pesquisadora da Embrapa Débora Milori, que coordena o Laboratório Nacional de Agrofotônica (Lanaf), a LIBS é uma técnica espectro analítica rápida, reprodutível e limpa. “Ela usa pulsos laser de alta energia para criar um microplasma na superfície da amostra, e assim, determinar a sua composição química. Por ser uma técnica analítica direta, ela pode ser aplicada a uma grande variedade de amostras em diferentes estados físicos da matéria”, explica Milori. 

A cientista diz ainda que o LIBS permite analisar a composição química de solos sem a necessidade de um laborioso preparo de amostras e qualquer geração de resíduos químico, fazendo dele uma tecnologia inovadora e sustentável. 

Imagem: divulgação

 O que a tecnologia avalia? 

De acordo com o CEO da Agrorobótica, Fábio Angelis, essa tecnologia desenvolvida em parceria com a Embrapa faz análises de 22 parâmetros do solo, entre eles: carbono quantitativo e qualitativo dos solos, textura (teores de areia, silte e argila), estoque de carbono no solo (t/ha), densidade do solo, pH, macro e micronutrientes, tudo de forma rápida, econômica e precisa, sem gerar resíduos químicos. 

“É diferente dos métodos de análise de solos convencionais que utilizam vários reagentes químicos para extrair esses nutrientes do solo e usam mais de dez métodos de medidas diferentes para obter a mesma informação que o LIBS mensura com um único tiro laser”, compara Angelis. 

Outro detalhe que chama atenção é que a ferramenta pode analisar mais de 1,2 mil amostras de solo diariamente. Os laboratórios tradicionais realizam, em média, apenas 800 a 900 amostras por mês.  

Como ter acesso à tecnologia? 

A gfintech pretende oferecer uma prestação de serviço diferenciada, que integra uma consultoria aos agricultores que fazem adesão ao programa de carbono. Tudo começa com o envio do Cadastro Ambiental Rural (CAR) da propriedade sobre o qual todo o planejamento amostral estratégico do projeto é realizado.  

“Esses dados são enviados para a equipe de coleta no campo que acessam as informações via aplicativo de celular. A coleta de solo é georreferenciada e cada amostra de solo é identificada com QRcode único. As informações do campo são enviadas para a nuvem e acessadas antecipadamente pela equipe da Agrorobótica. Em seguida essas amostras são transportadas para o Centro Fotônico da Agrorobótica onde cada amostra é rastreada e identificada,” descreve o CEO. 

Depois, é realizada a aquisição espectral de cada umd os solos com a tecnologia AGLIBS. De acordo com a diretora de Pesquisa e Operações (CTO) da Agrorobótica, Aida Bebeachibuli, essas informações serão carregadas na nuvem e processadas com um software de IA AGLIBS que gera um relatório completo para a interpretação agronômica com informações de parâmetros de sustentabilidade, como o carbono quantitativo, qualitativo e o estoque de carbono no solo, além dos parâmetros de fertilidade do solo. 

“Após a emissão do relatório analítico AGLIBS, mapas de recomendação agronômica são elaborados e o agricultor poderá acessá-los por meio da plataforma digital IA AGLIBS com usuário e senha específicos. As informações vão auxiliá-lo na sua tomada de decisão com práticas sustentáveis, como Sistemas Plantio Direto (SPD), Sistemas de ILPF (Integração Lavoura Pecuária Floresta), entre outros, alinhadas com suas metas de neutralidade de carbono e aumento na sua produtividade agrícola,” detalha Bebeachibuli. 

Então, após a coleta de todas as informações das atividades da fazenda e da digitalização do solo, a plataforma contabiliza o estoque de carbono, que é um inventário com todas as fontes e sumidouros de gases de efeito estufa (GEE) influenciadas pelas atividades dentro dos limites geográficos da fazenda. 

“Todos os serviços inclusos na plataforma são rastreáveis e auditáveis para manter confiança pública aos resultados gerados por ela. Todos os processos envolvidos empregam boas práticas laboratoriais e seguem um padrão de qualidade internacional como a ABNT NBR ISO 14064_2007. Essa norma trata da especificação e orientação a projetos para quantificação, monitoramento e elaboração de relatórios das reduções de emissões ou da melhoria das remoções de gases de efeito estufa,” informa a CTO. 

Angelis lembra que a plataforma está alinhada às orientações das metodologias da certificadora internacional VERRA, o que permite a certificação do carbono e da fertilidade no solo. Por fim, o crédito de carbono será gerado e convertido em Unidades de Carbono Verificadas (VCU, sigla em inglês), que pode ser negociado no mercado voluntário internacional e prover uma monetização inovadora para o agricultor. 

(Com informações da Agência Embrapa

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