Centro em Agricultura Digital para inclusão de pequenos produtores rurais é lançado

“A tecnologia não é moda, é exigência do consumidor. Precisamos diminuir o ‘gap’ da tecnologia digital existente atualmente entre os grandes e os pequenos produtores”. Dessa forma foi apresentado, pela pesquisadora Silvia Massruhá, o Centro de Ciência para o Desenvolvimento em Agricultura Digital (CCD-AD/SemeAr), lançado nesta terça-feira (11), em Campinas/SP.

Coordenadora do projeto, Silvia disse que o objetivo é estimular a integração de tecnologias digitais nos processos produtivos rurais de forma efetiva e simples, atender às necessidades reais dos produtores, gerar impactos socioeconômicos no curto e médio prazo, além de oferecer capacitação tecnológica e o compartilhamento de conhecimento e de práticas para acelerar a adoção de tecnologias digitais.

O evento contou com as presenças do governador Tarcísio de Freitas, de São Paulo, dos secretários estaduais Antônio Junqueira, de Agricultura e Abastecimento, e Vahan Agopyan, de Ciência, Tecnologia e Inovação, do prefeito Dário Saadi, de Campinas, do reitor Antônio José de Almeida Meirelles, da Unicamp, do presidente da Fapesp, Marco Antonio Zago, além de outras autoridades.

Investimento e retorno

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo vai investir R$ 25 milhões durante os próximos cinco anos no projeto, no qual também participam instituições como o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPQD), a Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo (Esalq/USP), o Instituto Agronômico (IAC), o Instituto de Economia Agrícola (IEA), o Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel) e a Universidade Federal de Lavras (UFLA).

“Nosso trabalho é forjar e consolidar laços entre múltiplos parceiros. Estudos recentes mostram que para cada R$ 1,00 investido em pesquisa, R$ 12,00 retornam para a sociedade”, comentou Zago, ao ressaltar que a Ciência e a Tecnologia determinam o desenvolvimento de um País. “É preciso apoiar e incluir o pequeno e médio produtor rural com as informações e o conhecimento disponíveis”, salientou o secretário Vahan Agopyan.

Alcance nacional

A proposta engloba um sistema integrado de hardware, software e conectividade instalado em uma determinada região, em geral limitada a um município, para atender as demandas reais dos produtores rurais. Funciona como modelo ou vitrine para tecnologias e serviços digitais que tenham foco na solução de problemas do campo, e que possam ser adotados e acoplados aos processos produtivos de forma rápida e simples.

É o chamado Distrito Agro Tecnológico (DAT), com dez unidades, a serem instalados nas regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sul (um em cada região) e outros seis na Região Sudeste (cinco em São Paulo e um em Minas Gerais). Os primeiros pilotos estão nos municípios paulistas de Caconde, região caracterizada pela presença de pequenos e médios cafeicultores, e de São Miguel Arcanjo, que tem a produção de uva como atividade de destaque.

“Estive há duas semanas em Caconde e fiquei de queixo caído, o sinal de internet funciona muito bem, isso pode ajudar o produtor a diminuir seus custos”, disse o secretário Estadual de Agricultura e Abastecimento, Antônio Junqueira. “Sou filho de pequeno produtor de café, é fundamental levar a tecnologia e a transformação digital para os pequenos e médios produtores”, destacou o prefeito de Campinas, Dário Saadi.

Semente em solo fértil

A partir dos DATs, serão identificados os gargalos de conectividade e mapeadas as soluções digitais demandadas pelos produtores rurais, bem como as instituições públicas ou privadas, empresas e startups capazes de suprir as necessidades naquele arranjo local. “A transformação digital pode contribuir com aspectos econômicos e ambientais”, avaliou o reitor da Unicamp, Antônio Meirelles.

“Nós lançamos uma semente para perpetuar e multiplicar num solo fértil, uma espécie de Vale do Silício (região dos Estados Unidos conhecida pelas empresas de alta tecnologia) que é o Estado de São Paulo, no corredor de inovação agropecuária. Com isso, ganha o agricultor, ganha o produto nacional, ganham as empresas e ganha o País”, afirmou Stanley Oliveira, chefe geral da Embrapa Agricultura Digital.

Na avaliação do deputado federal Arnaldo Jardim, vice-presidente da Frente Parlamentar Agropecuária, “conseguimos avançar no conceito e na implantação do HUB Tecnológico Paulista, integrando as Unidades da Embrapa ao Sistema de Pesquisa Agropecuária do Estado de São Paulo e às instituições de ensino. O lançamento deste Centro de Ciência para Desenvolvimento em Agricultura Digital terá papel decisivo para essa integração”.

Prazos e definições

No primeiro ano de implantação do Centro o enfoque será na seleção e definição dos DATs, levantamento das demandas, estruturação e organização das relações, bem como a inclusão de possíveis novos parceiros. Nos anos seguintes será executado o plano de pesquisa de cada eixo, com apoio de bolsistas e startups que serão paulatinamente incorporadas por meio de chamadas organizadas em conjunto com o PIPE/Fapesp (Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas).

“A Embrapa é uma instituição notável”, disse Tarcísio de Freitas. “Era necessário trazer a conectividade e a agricultura digital para o pequeno produtor, ele precisa dessas ferramentas, pois terá um papel fundamental na provisão da segurança alimentar. Com certeza, essa será uma iniciativa bem-sucedida”, finalizou o governador de São Paulo.

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