Graças a uma iniciativa da Embrapa, pequenos produtores do interior de São Paulo evitaram que ao longo de quase duas décadas 16 milhões de litros de esgoto doméstico e outros efluentes fossem despejados na natureza. Isso aconteceu graças à adoção das tecnologias sociais Fossa Séptica Biodigestora, Jardim Filtrante e Jardim Aquícola, desenvolvidas pela Embrapa Instrumentação (São Carlos – SP).
Além de fazer bem para a natureza, a ação ainda reflete no bolso dos produtores. Quem dá um exemplo disso é o produtor rural Luís Donizetti Marcatto, que substituiu a fossa rudimentar pela Fossa Séptica Biodigestora. O produtor viu a folhagem de seus pés de café ganhar uma coloração verde mais intensa e galhos repletos de grãos da variedade arábica.
Segundo a Embrapa, a explicação está no uso do biofertilizante gerado pela Fossa Séptica Biodigestora. Ele é rico em macro e micronutrientes essenciais para a planta. “Colhemos cerca de quatro sacas de 48 quilos a mais este ano, aproximadamente 20% superior a safra anterior que foi de 18 sacas do fruto”, calculou Marcatto.
Flávio Marchesin, que instalou, em 2004, a primeira unidade da Fossa Séptica Biodigestora em seu sítio já deixou de descartar na natureza mais de 15.880 milhões de litros de esgoto e outros efluentes. O produtor rural construiu também duas unidades do Jardim Filtrante, um Clorador Embrapa para descontaminação da água e um Jardim Aquícola, destinado ao tratamento da água de tanques de piscicultura.
Após a água ser tratada, tudo o que não é reutilizado no sistema produtivo local, pode ser descartado no solo, sem impactar o meio ambiente. “Mostramos que é possível consorciar produção agrícola de frutas, hortaliças e de peixes com a preservação do meio ambiente. Não impactamos o solo e nem o lençol freático. Assim, também não causamos danos à saúde humana”, disse o produtor rural que mantém uma área de três hectares de floresta na propriedade.
Capacitação gratuita
A Embrapa lançou no dia 15 de março, pela plataforma e-Campo, o curso online “Saneamento básico rural”. Em 20 dias, a capacitação que ensina a montar e instalar as tecnologias já recebeu mais de 2.500 inscrições de diferentes regiões do Brasil, de países da América Latina, África e Europa. Clique aqui para se inscrever.
“O curso tem o objetivo de capacitar e formar agentes multiplicadores em tecnologias do saneamento básico rural, para que mais pessoas tenham a oportunidade de conhecer, adotar e se beneficiar dos sistemas em suas propriedades como fizeram as famílias Marchesin e Marcatto”, explicou o coordenador e um dos instrutores do curso, o pesquisador da Embrapa Instrumentação, Wilson Tadeu Lopes da Silva.
O curso foi desenvolvido de maneira didática e de fácil compreensão. As videoaulas têm entre 15 e 20 minutos e possuem diversos recursos gráficos para facilitar a visualização e o aprendizado sobe as tecnologias que ajudam no saneamento básico rural. “Ao final de cada módulo, o inscrito terá acesso a um arquivo com material compactado da aula, bem como exercícios de fixação do conteúdo”, explica a Embrapa. Ao concluir o curso, que possui uma carga total de 20 horas, os participantes recebem automaticamente um certificado de participação.