ilustração do relatório de tecnologia no agronegócio

As Tecnologias emergentes no Agronegócio

O MIT Technology Review, em parceria com o Cubo Agro, apresenta a pesquisa Emerging Technologies Agro – 2022, que investigou o cenário do investimento tecnológico do agronegócio brasileiro com o objetivo de antecipar tendências para os próximos anos em vias de serem concretizadas.

Para isso, ouviu líderes e tomadores de decisão em tecnologia para o segmento, entre produtores rurais, agricultores e pecuaristas; representantes da agroindústria e fabricantes de insumos. oram aplicados 200 questionários estruturados on-line aplicados a representantes dos setores primário e secundário e de vários segmentos do agronegócio.

A análise das respostas foi realizada por meio de estatística descritiva, buscando correlações entre as variáveis avaliadas, de forma a investigar as razões para o investimento e para a não intenção de investir nas tecnologias. Além disso, foram entrevistadas 16 lideranças do setor com o auxílio de questionários semiestruturados. Além disso, criar referência para que líderes possam ter mais embasamento para suas decisões de investimento no segmento.

“Quanto mais investimento em “Inteligência artificial e aprendizado de máquina” mais se investe em “Analytics e big data”.

Na visão dos entrevistados, investimentos em “Analytics e big data” habilitam o desenvolvimento de projetos envolvendo “Inteligência artificial e aprendizado de máquina”. Cloud computing e big data têm características que levam uma complementaridade entre si de uma forma natural. Uma tecnologia emergente identificada na qualitativa, foi a aplicação de conceitos de Edge Computing no agro. Dessa forma, quanto mais investimento em analytics, mais necessidade por conectividade e sensores para produzir mais dados e auxiliar na tomada de decisão. Dessa forma, a tecnologia 5G torna-se uma ponte na qual os dados podem ser enviados rapidamente. Outro item que foi observado em nossa pesquisa aberta.

Tecnologias de precisão, biotecnologia, sensores, robôs, drones e análise de dados

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(Imagem/Reprodução: Relatório Emerging Technologies Agro – 2022)

Imagens de satélite, já usadas há algum tempo pelo setor, dividem espaço cada vez mais com tecnologias de precisão, biotecnologia, sensores, robôs, drones e análise de dados. As tecnologias com maior média de uso apontadas foram, respectivamente, conectividade 5G e Internet das Coisas (com média de 4,26), analytics e big data (com 4,21),Inteligência Artificial e aprendizado de máquina (com 4,07), cloud computing e cibersegurança (com 4,04) e georreferenciamento e cartografia digital (com 4,01). Com a análise dos dados e feedbacks qualitativos, foi compreendido que “Analytics e Big Data” habilita o desenvolvimento de projetos envolvendo “Inteligência Artificial e aprendizado de máquina”. Essas tecnologias estão sendo usadas no setor de laranjas, por exemplo, para automatizar a contagem de frutos, o que no processo convencional é feito por meio da derriça (a retirada de todos os frutos).

A segunda correlação de variáveis detectada pela pesquisa Emerging Technologies foi a de que quanto mais investimento em “Visão computacional (RA/RV)”, mais se investe, também, em “Interfaces naturais e assistentes virtuais’’. Por meio de um feedback qualitativo, foi compreendido que o campo precisa de ferramentas que integrem a tecnologia no ambiente natural dos colaboradores. A quarta correlação foi: quanto mais se investe em “Analytics e Big Data”, mais investimento é feito, também, em “Conectividade 5G e Internet das Coisas”.

Dessa forma, quanto mais investimento em analytics, mais necessidade por conectividade e sensores para produzir mais dados e auxiliar na tomada de decisão. Foi percebido que os investimentos em base tecnológica de conectividade e análise, habilitam mais investimento em tecnologias EOS (earth observation system, satélites) – outro item observado na pesquisa aberta. A pesquisa foi encomendada pelo Cubo Agro, hub de inovação para o agronegócio criado há cerca de um ano e mantido pela empresas Itaú BBA, Corteva Agriscience, São Martinho, CNHi e Suzano.

Atualmente, ele conta com 25 agtechs que participam de diversas atividades de inovação aberta e geração de resultados por meio da adesão a novas tecnologias. “As tecnologias de ponta já estão disponíveis no Brasil, mas em muitos casos não há como utilizá-las por conta da falta de conectividade. Ele, no entanto, mostra-se otimista e aposta que, com o aumento cada vez maior da importância do agronegócio para a economia nacional, será inevitável que o investimento em infraestrutura para o segmento se torne uma prioridade na agenda do país. Para o executivo, com mais tecnologia e modernidade no agro, não só as pessoas envolvidas nessa cadeia de negócios têm a ganhar.

São pessoas e empresas que estão trabalhando e conhecendo a realidade de um setor que envolve uma série enorme de variáveis, a começar pelo clima, que é algo que não podemos controlar”. E frisa que foi justamente a percepção da demanda por inovações que levou o Cubo a criar uma vertical especificamente dedicada ao agronegócio. Para os próximos anos, ele explica que a expectativa é de que a vertical cresça e de que as relações geradas e os projetos entre as empresas participantes e as grandes corporações se avolumem, fazendo dela uma referência, assim como o Cubo já é em outros segmentos. Para Fernandes, com a maturidade da vertical agro, um novo desafio se tornará fundamental: fomentar o consumo das empresas de agronegócio em outras verticais do Cubo.

É óbvio que o ecossistema agro tem dores super específicas, mas essas empresas também têm uma série de problemas que são comuns com outras indústrias. Temos que fazer com que essas empresas entendam o consumo de inovação de uma forma ampla e não só no seu negócio principal. Para Mariana Castanho, líder comercial da Corteva Agriscience, empresa também mantenedora do Cubo Agro, além da conectividade, também são desafios para o segmento a formação de obra especializada para interpretar os dados e ajustar a tomada de decisão com base na informação digital, além da criação de plataformas integradas.

“Atualmente há centenas de startups que resolvem parcialmente as dores do produtor; é necessária uma plataforma que conecte diversas soluções em um único lugar para facilitar o avanço das tecnologias digitais no agro”.

Diz Mariana Castanho.

Ela ressalta que, se hoje o Brasil é considerado uma potência agrícola mundial e um dos principais produtores e exportadores de alimentos, muito disso se deve justamente à adoção de tecnologias e aplicação da ciência no campo. Então, entendo que o grande diferencial do Brasil – e o que o faz ser líder na produção de diversas culturas – está na pesquisa e no constante desenvolvimento de tecnologias inovadoras por instituições públicas e privadas e que resultaram em ferramentas que contribuíram para elevar sucessivamente nossa produtividade”.

No âmbito das empresas, Mariana Castanho destaca que investimentos em parcerias com startups – e nesse sentido o Cubo Agro tem contribuído para criar trocas e geração de negócios –, em tecnologias e análise de dados para tomada de decisões estão muito aquecidos entre as companhias dos mais diversos setores do agronegócio. O metaverso é uma tecnologia que vem ganhando cada vez mais espaço no setor agro por permitir o aumento de lucratividade e a otimização da produtividade através do ambiente digital. Outra integrante do Cubo Agro, a São Martinho, um dos maiores grupos sucroenergéticos do Brasil, vem fazendo um investimento pesado em inovações e, por conta disso, em conectividade. A empresa desenvolveu, por exemplo, uma rede privada de 4G, em parceria com o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPQD).

O próximo passo, segundo ele, é buscar cada vez mais ferramentas e conhecimentos para trabalhar todos os dados para criar insights que ajudem na tomada de decisões, na eficiência operacional e na criação de produtos digitais. Neste sentido, a empresa está desenvolvendo, por exemplo, uma plataforma de manejo integrado de pragas. O gestor de inovação da empresa, Walter Maccheroni ressalta que toda a história da São Martinho é pautada por inovações, com o principal objetivo de aumentar a eficiência dos processos e reduzir custos.

E, por ter esse espírito de pioneirismo, ele diz, a empresa se tornou uma referência para o segmento e até mesmo outras indústrias no Brasil e no mundo. Neste mesmo sentido, há um investimento em capacitação dos funcionários para que eles adquiram uma visão cada vez mais empreendedora.

O que a Embrapa, juntamente com as universidades, os institutos de pesquisa, as assistências técnicas e o setor privado fizeram nas últimas cinco décadas foi uma verdadeira revolução baseada na ciência. Moretti destaca que quando o assunto é tecnologia no setor agropecuário, o Brasil está no patamar dos países mais avançados. Moretti destaca que quando o assunto é tecnologia no setor agropecuário, o Brasil está no patamar dos países mais avançados. E para nortear os caminhos a partir de agora, uma das iniciativas da instituição foi o recente lançamento da plataforma Visão de Futuro do Agro Brasileiro, que reúne e sintetiza análises estruturais do ambiente de produção de alimentos, fibras e bioenergia, com horizonte de longo prazo.

Soluções digitais para a otimização do agronegócio

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(Imagem/Reprodução: Relatório Emerging Technologies Agro – 2022)

E para nortear os caminhos a partir de agora, uma das iniciativas da instituição foi o recente lançamento da plataforma Visão de Futuro do Agro Brasileiro, que reúne e sintetiza análises estruturais do ambiente de produção de alimentos, fibras e bioenergia, com horizonte de longo prazo. Com relação às mudanças climáticas, por exemplo, foi definido que será preciso adaptar a agricultura tropical brasileira para que ela possa competir com países (na sua maioria, os mais desenvolvidos) situados em regiões temperadas, que poderão vir a ter melhores tecnologias e condições climáticas, com o aquecimento do planeta.

O resultado foi que as empresas voltadas para “Depois da fazenda” são a maior parte: 718. devem ser adotadas por uma empresa ou um governo para que, por exemplo, eles possam receber investimentos de determinados grupos. Cada crédito equivale a uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) que deixou de ser emitida na atmosfera por alguma empresa, que pode negociá-la com outras que tiveram uma emissão grande.

A tecnologia blockchain vem sendo usada para trazer agilidade e mais confiabilidade neste mercado, por meio de tokenização. Celso Moretti, o presidente da Embrapa, afirma que o agro brasileiro ainda não participa com todo o seu potencial neste segmento, que já movimenta bilhões de dólares. “O agro tem uma oportunidade muito grande para se inserir nesse mercado, já que, há mais de 30 anos, utiliza técnicas que reduzem a emissão de carbono, como o plantio direto. Dentro das universidades, os avanços tecnológicos voltados para o agronegócio vêm sendo trabalhados continuamente com o objetivo de não só criar novas soluções, mas também dominar as ferramentas já existentes e tornar o acesso a elas mais democrático.

Segundo ele, com o passar dos anos e a maior complexidade das demandas, o agro se tornou uma matéria multidisciplinar, que, além da agronomia, envolve engenharias, computação e outras áreas. Na visão dele, as inovações tecnológicas no setor, cada vez mais, serão voltadas para mitigar os riscos de produção, visto que com a globalização a concorrência está cada vez maior. A rastreabilidade dos produtos, por meio da tecnologia blockchain, por exemplo, tende a se tornar cada vez mais popular, uma vez que há uma cultura crescente entre os consumidores de conhecer todo o processo de produção e fazer escolhas mais sustentáveis. Além disso, com os sistemas de monitoramento e processamento de dados,será possível cada vez mais recuperar áreas degradadas e transformá-las em produtivas.

De lá para cá, além de produtor rural, ele se envolveu diretamente numa série de projetos tecnológicos voltados para o segmento do agronegócio. Um dos mais recentes é o aplicativo inLida, cofundado por ele, uma espécie de caderneta de campo digital para que o pecuarista e a sua equipe façam a contagem do rebanho por meio do controle das informações coletadas dos animais. Segundo Kiep, o mundo digital teve um avanço expressivo no agronegócio brasileiro principalmente nos últimos três ou quatro anos. Para ele, o trabalhador do campo brasileiro está muito mais aberto para experimentar as novidades tecnológicas do que o americano ou o europeu, por exemplo. Com o arrocho financeiro e a alta de juros, os produtores passarão a ter uma seletividade muito maior para decidir pelas inovações que eles realmente precisam ter, e não aquelas que são legais de ter.

No inLida, a solução foi criar uma ferramenta gratuita e se manter por meio de patrocínios e parceiros”, explica. Outro negócio em que está envolvido é a InstaAgro, a primeira grande loja virtual voltada para o agronegócio com atuação em todo o território nacional. Nos responsabilizamos por todo o processo, da compra até a entrega do produto, e garantimos toda a segurança. Após alguns anos de experiência no segmento tecnológico do agronegócio, em 2017 ele decidiu criar a Monagri, uma consultoria em agricultura digital. Além disso, faço consultorias para empresas que querem entrar no ramo do agro e viajo por diversas partes do mundo para trocar conhecimentos nesta área. Ainda existe muita fazenda que está capitalizada e pode investir, mas mesmo assim prefere manter o sistema tradicional. A geração mais nova de produtores, por sua vez, vem aderindo em peso às novidades e criando uma maior competitividade no setor”. E entre as tecnologias que se tornarão essenciais nos próximos anos, ele aponta as máquinas autônomas, desde robôs, tratores a pulverizadores, além dos drones e Vants (Veículos aéreos não tripulados).

Outra coisa, que é elementar, mas se tornará uma exigência para se manter no mercado, é o uso de softwares de gestão. A tecnologia voltada para a gestão foi justamente um dos alicerces para o crescimento da Alvorada Produtos Agropecuários, empresa criada em 1986 na cidade de Dourados, no Mato Grosso do Sul, por Feres Soubhia Filho, até hoje diretor e único proprietário. De lá para cá, ela se expandiu bastante e hoje conta com 36 filiais em sete estados, com mais de 700 colaboradores, sendo cerca de 100 deles fazendo trabalho de campo. Em 2021, o faturamento da empresa foi de R$ 1,3 bilhão e, para esse ano, a meta é chegar a R$ 1,6 bilhão.

De acordo com o gerente financeiro da empresa, Felipe Flumian Soubhia, sempre houve um foco especial no investimento em tecnologia, para permitir o crescimento físico e de vendas.

“Hoje, contamos com uma ferramenta de Business Intelligence (BI) líder de mercado que fornece todos os dados necessários em tempo real para tomadas de decisões. Nosso ERP (sistema integrado de gestão empresarial) vai ao campo junto com o nosso vendedor, onde, por meio de um tablet, ele consegue implantar pedidos e verificar os preços atualizados dos produtos”

comenta Soubhia

“Essa ferramenta nos possibilitou um ganho enorme, já que essas atividades demandavam um tempo enorme de nossa equipe, que não se sentia motivada para realizar esses tipos de procedimentos. Para projetos futuros na área de tecnologia, a empresa começou seus estudos em softwares para fazendas, dispositivos de rastreamento animal e dispositivos de diagnóstico animal”

conclui o gerente.

Por fim, um novo mundo vai surgir nos próximos anos a partir do uso de tecnologias emergentes. O setor agropecuário será impactado por essas mudanças e, por sua vez, impactará os outros grandes segmentos da economia. A partir do cruzamento de macrotendências mundiais e tecnologias pesquisadas neste relatório, apresentamos alguns cenários que podem se transformar em oportunidades de negócios.

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