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Mulheres na tecnologia: Qual é o contexto?

Até 2024, estima-se uma lacuna de 270 mil profissionais de TI, o que acarretará uma perda de receita da ordem de R$ 167 bilhões.

Apesar do crescimento, as mulheres em tecnologia ainda são minoria. Ainda é uma área de atuação predominantemente masculina, com pouco incentivo à qualificação feminina. Para as mulheres, infelizmente, ainda é muito mais difícil se firmar na área de tecnologia. A falta de incentivo é um dos principais desafios enfrentados.

São poucas as mulheres que são referência em tecnologia, o que contribui para que muitas meninas que se interessam pela área não se sintam estimuladas. Para garantir a diversidade em tecnologia é necessário que diversos tipos de ações sejam realizadas, desde a educação até o dia a dia nas empresas.

Não podemos mais fazer divisões entre o que são ‘trabalhos de meninos e trabalhos de meninas’. Todos precisam ter as mesmas oportunidades e se sentirem confiantes para trabalhar no que desejam. O acesso a informações de qualidade sobre tecnologia pode fazer a diferença, tanto para despertar o interesse das mulheres quanto para tirar dúvidas sobre o setor. A qualificação também é fundamental e as iniciativas que visam oferecer oportunidades para as mulheres são muito importantes.

Principais desafios enfrentados para mulheres na tecnologia

9 trilhões de euros em PIB global podem ser gerados com uma maior participação das mulheres na indústria de tecnologia. Apesar do crescimento, as mulheres em tecnologia ainda são minoria. Até 2024, estima-se uma lacuna de 270 mil profissionais de TI, o que acarretará uma perda de receita da ordem de R$ 167 bilhões.

As mulheres em tecnologia representam apenas 20% dos profissionais de tecnologia no país. A participação de mulheres cresceu 60% nos últimos cinco anos, passando de 27,9 mil para 44,5 em 2019. Um ponto-chave é que equipes diversificadas geram soluções mais diversificadas e eficazes, o que tem potencial para proporcionar muito mais rentabilidade ao negócio.

Mais de 60% dos formados no ensino superior no Brasil são mulheres. Apenas 23,9% delas são formados em cursos de engenharia. Quando pensamos em tecnologia, ainda existe uma associação direta com o homem branco, nerd e milionário. As mulheres não costumam se ver posicionadas dentro desse universo.

A diferença salarial entre homens e mulheres na área de tecnologia foi de 22,4% em 2017. As mulheres se candidatam a vagas 20% a menos que os homens porque entendem que precisam cumprir 100% dos requisitos. São poucas as mulheres que são referências em tecnologia, o que contribui para que muitas meninas que se interessam pela área não se sintam estimuladas.

Grandes nomes que contribuiram para a tecnologia

Desde 1843, quando Augusta Ada King criou o primeiro programa de computador, a contribuição e a representação das mulheres na tecnologia se tornaram imensuráveis. As empresas desse setor têm dificuldade em recrutar mulheres, pois elas são minoria nos cursos da área. Mas isso não significa que não existam mulheres de destaque ao redor do mundo.

Embora a representatividade feminina na tecnologia ainda seja baixa, existem algumas profissionais no mercado que conseguiram alcançar posições de destaque.

Grace Hopper

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(Imagem: Domínio Público)

Grace Hopper foi analista de sistemas da Marinha dos EUA nas décadas de 1940 e 1950. Ela desenvolveu a linguagem de programação Flow-Matic, que foi a primeira delas a ser adaptada para a língua inglesa. Essa linguagem serviu de base para a criação do COBOL (Common Business Oriented Language)

Grace Hopper nasceu em Nova York em 1906 e era a mais velha de três filhos. Ela se formou em Matemática e Física em 1928, concluindo seu mestrado na Yale University em 1930. Alguns anos depois, com seu Ph. D em Matemática obtido, Hopper teve sua dissertação “Novos critérios de irredutibilidade” publicada.

Grace Hopper foi membro da equipe de desenvolvimento do UNIVAC I. Ela trabalhou no Harvard Computer Laboratory até 1949. Hopper pediu para ser transferida para a Marinha regular, mas seu pedido foi recusado e ela continuou a servir na Reserva da Marinha. Ela desenvolveu seu próprio compilador em 1952.

Em 1954, Grace Hopper foi nomeada a primeira diretora de programação automática da empresa. Seu departamento foi responsável por promover algumas das primeiras linguagens de programação baseadas em compiladores. Ela até ficou honrada em ver um contratorpedeiro da Marinha receber seu nome. Hopper morreu em janeiro de 1992, aos 85 anos.

Hedy Lamarr

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(Imagem: /Reprodução:IMDb)

‘Mãe’ da internet sem fio escapou do regime nazista e ficou famosa em Hollywood. Ela desenvolveu o sistema de salto de frequência, originalmente destinado a guiar torpedos submarinos usando sinais de rádio. Este sistema é a base para Frequency Hopping Spread Spectrum, que é amplamente utilizado em dispositivos de comunicação sem fio.

O sistema de salto de frequência foi patenteado em 1942, mas não foi usado durante a Segunda Guerra Mundial. A tecnologia abriu várias portas para uso civil e permitiu a criação de tecnologias de comunicação como GPS, Bluetooth e Wi-Fi. Hedy Lamarr abandonou a carreira de atriz nos anos 60 e viveu um período de reclusão nas décadas seguintes.

Em 1997, ela e George Antheil foram reconhecidos pela criação do sistema de comunicação sem fio. Após sua morte em janeiro de 2000, ela recebeu várias homenagens, como um Doodle na página inicial do Google em 2015. A atriz e inventora também teve um asteróide nomeado com seu nome artístico.

Katherine Johnson

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(Imagem/Reprodução: NASA)

Katherine Johnson era uma matemática e uma das mulheres negras que formaram uma equipe no Langley Research Center da NASA, na Virgínia. Ela forneceu os dados finais necessários para a missão que levou o astronauta John Glenn à órbita da Terra pela primeira vez em 1962.

Katherine Coleman Goble Johnson nasceu em 26 de agosto de 1918, em White Sulphur Springs, Virgínia, EUA. Quando criança, ele sempre gostou de contar. Ela contou números, passos, garfos e tantas outras coisas. “Se ela disser que estão bons, estou pronto para ir”, disse o astronauta, como a própria Katherine lembrou.

Aos 15 anos, Katherine começou a estudar em HBCUs (universidades e faculdades exclusivas para negros), onde estudou todos os cursos que ofereciam matemática. Aos 34 anos, ela descobriu que a “Unidade de Computação da Área Oeste” do Laboratório Langley, parte do Comitê Nacional de Assessoria em Aeronáutica, estava contratando mulheres afro-americanas.

Katherine foi a primeira mulher em sua divisão a receber crédito por um relatório de pesquisa. Ela descobriu as maneiras pelas quais as espaçonaves orbitam (contornam) a Terra e pousam na lua. Ela trabalhou para calcular a trajetória de voo de Alan Shepard, o primeiro americano no espaço.

Ela trabalhou para a NASA por 33 anos, escreveu 26 relatórios espaciais e participou da realização do Ônibus Espacial e do Satélite de Recursos Terrestres. Em 2015, aos 97 anos, recebeu a Medalha Presidencial da Liberdade, considerada a maior condecoração civil dos Estados Unidos. Ela inspirou várias mulheres negras no país e no mundo.

Nina Silva

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(Imagem/Reprodução: Foto: Adri Rodrigues/Divulgação )

Nina Silva é uma das fundadoras do Movimento Black Money. Ela é reconhecida pela ONU e pela instituição internacional MIPAD. Para Nina, quem quer causar impacto social precisa estar conectado e criar redes que possibilitem a transformação. Sua rotina também inclui palestras, atividades e lançamentos.

Ela nasceu e cresceu em São Gonçalo, que já foi considerada a maior favela plana da América Latina. É graduada em administração pela Universidade Federal Fluminense e pós-graduada na área de sistemas de informação e gestão.

Nina diz que o racismo sempre veio antes de todos os outros preconceitos. Ela conta que foram justamente as dificuldades e os questionamentos constantes de ocupar cargos de liderança que a levaram a buscar um propósito maior. “Agora eu diria que esse é o principal objetivo para a fundação da minha carreira e para a construção de novos espaços muito mais saudáveis ​​e inclusivos”, resume Nina Silva.

Como promover a inclusão das mulheres?

A inclusão de assuntos relacionados à tecnologia desde cedo é essencial. A qualificação também é fundamental e as iniciativas que visam oferecer oportunidades às mulheres são muito importantes para acelerar a inclusão. O acesso a informações de qualidade sobre tecnologia pode fazer a diferença, tanto para despertar o interesse das mulheres quanto para tirar dúvidas sobre o setor.

O Google, por exemplo, tem o compromisso de promover um ambiente de trabalho mais diversificado. No Brasil, desde 2017, eles oferecem treinamentos especialmente para mulheres. Já a Catho criou o “Esta cadeira é minha”, um projeto focado na inclusão de mulheres na tecnologia por meio de mentoria, treinamento e empregabilidade. Para mudar a realidade dentro das organizações, é importante a criação de comitês que visam promover um ambiente de trabalho mais inclusivo.

Os processos seletivos para as vagas do setor precisam ser revistos com foco em aumentar a divulgação voltada para o público feminino. Os planos de carreira para elas também devem ser cuidadosamente estruturados para que as mesmas oportunidades sejam dadas a todos. E, finalmente, a remuneração entre homens e mulheres em tecnologia também precisa ser igual.

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