Dez novas espécies de leguminosas são descobertas por pesquisadores

Dez novas espécies de leguminosas são descobertas por pesquisadores

Um grupo de pesquisadores brasileiros e estrangeiros descobriu dez novas espécies de leguminosas. Segundo os profissionais elas são nativas da região neotropical – que vai da América Central até o sul do Brasil. De acordo com Alexandre Gibau de Lima, doutorando da Escola Nacional de Botânica Tropical do Jardim Botânico do Rio de Janeiro e um dos autores do estudo, várias espécies são nativas da Amazônia brasileira, do Cerrado, da Bolívia e da Colômbia e parte delas está ameaçada de extinção.  

De acordo com o estudo, e com base nos critérios da União Internacional para Conservação da Natureza (UICN), grande parte das leguminosas está ameaçada de extinção. “Muitas dessas espécies ocorrem em áreas fora de unidades de conservação, em áreas que são pequenos fragmentos em torno de grandes plantios, em áreas que foram urbanizadas”, explicou Lima. 

De acordo com Lima, estudo de taxonomia sistemática vegetal – ciência que identifica, classifica e nomeia as plantas não propõe medidas de conservação, mas é essencial para a tomada de decisão sobre a conservação. “Não se consegue estabelecer medidas, ações, sem conhecer antes.” 

As novas leguminosas descobertas 

Uma das novas leguminosas descobertas é o barbatimão-do-rio-doce (Stryphnodendron flavotomentosum). Segundo a pesquisa, a árvore pode atingir 20 metros de altura e até hoje ela foi encontrada apenas na Mata Atlântica, na região onde está localizada a bacia do Rio Doce, no Espírito Santo. O gênero Stryphnodendron é mais conhecido pela planta medicinal barbatimão (Stryphnodendron adstringens), espécie nativa do Cerrado. As árvores leguminosas produzem frutos e grãos, como a vagem, por exemplo. 

Stryphnodendron velutinum, espécie arbórea que atinge até 5 metros – Maria Alice de Rezende/ Divulgação JBRJ

O Stryphnodendron velutinum, espécie arbórea de até 5 metros de altura, foi outa descoberta dos cientistas. Endêmica de uma pequena área de cerradão (formação florestal do Cerrado), a espécie foi localizada no noroeste de Minas Gerais em um local, fora de unidades de conservação, que sofreu com a ação humana.  

“Analisamos uma grande quantidade de espécimes depositados nos herbários, inclusive o do Jardim Botânico do Rio, e realizamos expedições em busca das espécies de barbatimão. Isso nos possibilitou conhecê-las melhor, além de descrever novas espécies para a ciência”, informou o pesquisador. 

A pesquisa descreveu dois novos gêneros para a ciência, nomeados Naiadendron e Gwilymia.   

Gwilymia coriacea, cujo nome homenageia o botânico britânico Gwilym Peter Lewis, estudioso das leguminosas – Marcelo Simon/ Divulgação JBRJ

Artigos 

As novas espécies foram publicadas nas revistas Systematic Botany e Phytotaxa. Já os novos gêneros foram publicados na revista PhytoKeys, na edição especial do Advances in Legume Systematics, coordenada pela comunidade internacional de especialistas em leguminosas para promover os mais recentes e significativos avanços no conhecimento evolutivo e taxonômico dessa família de plantas. 

As descobertas foram relatadas também em publicações de um grupo de biotecnólogos de vários países, especialistas em sistemática e evolução de plantas, principalmente, leguminosas. O Brasil participa dessa comunidade internacional com especialistas muito bons na evolução de leguminosas, afirmou Lima. “Tem uma contribuição muito expressiva”.  

Conhecimento 

O profissional explica que o DNA das plantas é estudado para que se possa entender as relações de parentesco entre elas e também a história evolutiva das espécies na região onde foram encontradas. Esse estudo não só é essencial para a conservação das novas espécies de leguminosas, mas também, para estudos focados em biotecnologia. O próximo passo é fazer a conexão do trabalho científico com os centros de conservação, para propor medidas de conservação dessas espécies. 

Além do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, integram o grupo de estudo pesquisadores da Universidade de São Paulo, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), das universidades federais de Ouro Preto, de Santa Catarina e de São Carlos, da Universidade Estadual de Feira de Santana e das universidades de Gotemburgo, na Suécia, e de Zurique, na Suíça. 

(Com informações da Agência Brasil)  

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