Parece que não é só a nossa vida que é cheia de problemas. A vida das laranjas também é complicada e, devido a todo esse estresse, elas começaram a sofrer de tristeza (eu te entendo, laranja). Mas, como dizem, “quem tem amigo tem tudo”, o limão ajudou a salvar a amiga cítrica.
De acordo com Eduardo Girardi, pesquisador da Embrapa, a doença da tristeza foi detectada pela primeira vez no Brasil em 1937. Na ocasião, o mal chegou a matar 90% das plantas, o que correspondia, na época, a cerca de 9 milhões de árvores.
A doença recebeu esse nome por conta do aspecto triste e murcho que deixam as plantas. Ela é transmitida por um pulgão preto, chegou ao país por meio de mudas trazidas do Japão. “Também foi uma tristeza para os citricultores, que ficaram muito impactados. Era ainda época da 2ª Guerra Mundial, então foi um período muito difícil”, disse Girardi em entrevista ao portal G1.
O herói, que ajudou a salvar a laranja da tristeza, foi o limão-cravo. Em 1940, cientistas descobriram que a variedade de limão era resistete ao vírus da tristeza. Por isso, os pés de laranja começaram a ser exertadas nele.
Foi graças a uma experimentação do pesquisador Silvio Moreira do IAC, por meio de um convênio entre o instituto e o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), comandado por Álvaro Santos Costa, um dos pais da virologia de plantas da América Latina, que a descoberta foi feita.
“A devastação da tristeza no Brasil – e na África do Sul – chamou a atenção dos americanos, que passaram a colaborar na busca de soluções. Assim, nos enviaram uma coleção de citros para serem avaliadas em condições de campo”, explicou ao G1 o diretor Instituto Agronômico de São Paulo (IAC), Marcos Antônio Machado.
Foi só nos anos 1960 que os cientistas descobriram que a doença era transmitida por um pulgão. A descoberta foi feita pelo pesquisador Elliot Kitajima, que até hoje realiza estudos sobre o tema.
Vacina contra a tristeza
Após a descoberta, os laranjais começaram a ser “vacinadas” contra a tristeza. O pesquisador Gerd Walter Müller, que desenvolveu o procedimento, explicou ao G1, que eles exertavam uma planta contaminada com uma cepa fraca do vírus da tristeza em uma outra planta saudável. “Atualmente, deve existir cerca de 100 milhões de plantas pré-imunizadas contra o vírus da tristeza, que saíram desse meu material”, disse Müller.
Atualmente, o vírus já está totalmente radicado entre os laranjais.
(Com informações do G1)