O envelhecimento é um processo natural que afeta todos os seres humanos, inclusive o cérebro. Com o avanço das tecnologias, cada vez mais pessoas estão passando horas diárias em frente a telas de computadores, smartphones e outros dispositivos eletrônicos. Embora essas tecnologias tenham trazido muitos benefícios para a sociedade, elas também podem ter impactos negativos no cérebro humano ao longo do tempo.
Um dos principais impactos das tecnologias no envelhecimento do cérebro é a redução da atividade física. Com a facilidade de acesso a informações, compras e comunicação que a tecnologia proporciona, muitas pessoas acabam se tornando mais sedentárias, o que pode afetar negativamente a saúde do cérebro. A falta de exercício físico pode levar a uma diminuição do fluxo sanguíneo no cérebro e, consequentemente, a uma redução da oxigenação e do suprimento de nutrientes, o que pode causar problemas cognitivos como a diminuição da memória e do raciocínio.
Além disso, o uso excessivo da tecnologia pode ter um impacto negativo na saúde mental, o que pode afetar o cérebro. A exposição excessiva a telas de dispositivos eletrônicos pode levar à depressão, ansiedade e outras condições que podem ter um impacto negativo na saúde cerebral. Estudos têm mostrado que o uso excessivo da tecnologia pode afetar o sono, o que pode ter um impacto negativo na saúde mental e física. O sono é essencial para a saúde do cérebro, pois é durante o sono que o cérebro processa informações, consolida a memória e se recupera do estresse.
Outro impacto das tecnologias no envelhecimento do cérebro é a redução da interação social. Muitas pessoas passam horas diárias em frente a telas, o que pode levar à diminuição da interação social cara a cara. A falta de interação social pode ter um impacto negativo na saúde do cérebro, pois é através da interação social que o cérebro é estimulado e mantido saudável. A falta de interação social pode levar à diminuição da capacidade cognitiva, o que pode levar a problemas como a demência.
Além disso, o uso excessivo da tecnologia pode levar a uma sobrecarga de informações, o que pode ter um impacto negativo na capacidade cognitiva. Com a quantidade de informações disponíveis através da internet, muitas pessoas acabam tendo dificuldade em processar e assimilar todas essas informações. Isso pode levar a uma diminuição da capacidade cognitiva, o que pode levar a problemas como a demência.
No entanto, nem todos os impactos das tecnologias no envelhecimento do cérebro são negativos. Algumas tecnologias podem ter um impacto positivo na saúde cerebral. Por exemplo, jogos cognitivos e aplicativos de treinamento cerebral podem ajudar a manter o cérebro saudável e ativo. Esses jogos e aplicativos podem ajudar a melhorar a memória, a concentração e o raciocínio, o que pode ter um impacto positivo na saúde cerebral.
A vida moderna e o envelhecimento do nosso cérebro
Um estudo liderado pelo antropólogo Hillard Kaplan, da Chapman University, na Califórnia, mostra que os cérebros dos Tsimane, um grupo indígena que vive nas terras baixas da Amazônia, envelhecem mais lentamente do que os de pessoas que vivem em países industrializados. As células cerebrais encolhem e morrem naturalmente à medida que envelhecemos, e essa atrofia acompanha declínios na função cognitiva. Mas os Tsimane, que vivem em aldeias sem infraestrutura moderna de saúde e usam a agricultura de corte e queima, caçando animais a pé, têm cérebros maiores e mais saudáveis. As pessoas do grupo têm entre 40 e 80 anos e foram solicitadas a jejuar antes de fazer exames médicos voluntários, fornecendo amostras de sangue, urina e fezes, além de passarem por testes respiratórios e medidas de rigidez arterial. A equipe de Kaplan suspeita que a falta de exposição a doenças urbanas protege o cérebro dos Tsimane.
A pesquisa, que foi realizada entre 2014 e 2019 e coletou dados de mais de 100 aldeias, tem como objetivo desafiar a tendência dos estudos anteriores que separam o envelhecimento do cérebro em populações brancas e industrializadas, e mostrar que é preciso estudar minorias raciais e étnicas e sociedades isoladas para entender a saúde pública em todo o mundo. Kaplan acredita que as descobertas de seu estudo podem ensinar como controlar melhor o envelhecimento do cérebro de qualquer pessoa. O estudo mostrou que os cérebros dos Tsimane e dos vizinhos Moseten podem envelhecer mais lentamente do que os de pessoas que vivem em países industrializados. Kaplan acredita que o estilo de vida e a falta de exposição a doenças urbanas são os fatores que afetam o envelhecimento do cérebro dos Tsimane.
O estilo de vida dos Tsimane é menos industrializado do que a maioria das sociedades, e as aldeias não têm água corrente e a maioria não tem eletricidade. A equipe de Kaplan forneceu cuidados de saúde para aqueles que os desejavam e coletou dados daqueles que desejavam compartilhá-los. Cerca de 90% das pessoas concordaram em participar. Os Tsimane caçam animais a pé, como queixadas, uma espécie de porco, o que significa que precisam gastar muita energia para simplesmente comer. Essa atividade física intensa, combinada com uma dieta saudável e a falta de exposição a doenças urbanas, pode ser a razão pela qual os cérebros dos Tsimane envelhecem mais lentamente.
As descobertas do estudo de Kaplan podem ter implicações para a saúde pública em todo o mundo, mostrando que as sociedades remotas podem fornecer insights sobre como controlar o envelhecimento do cérebro e prevenir doenças neurodegenerativas como Alzheimer e demência. O estudo também destaca a importância de estudar minorias raciais e étnicas e sociedades isoladas para entender a saúde pública em todo o mundo.